Embora a 65ª Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, vá ficar nos livros de história como o encontro que marcou a assinatura do acordo comercial entre o bloco sul-americano e a União Europeia, numa negociação que levou mais de duas décadas, a reunião também deixou à claras as divergências entre os atuais sócios do Mercado Comum do Sul.
Embora a 65ª Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, vá ficar nos livros de história como o encontro que marcou a assinatura do acordo comercial entre o bloco sul-americano e a União Europeia, numa negociação que levou mais de duas décadas, a reunião também deixou à claras as divergências entre os atuais sócios do Mercado Comum do Sul.
Os jornais argentinos destacaram que, num discurso abertamente crítico, o presidente Javier Milei comentou que o Mercosul é “uma prisão” e foi que foi um “obstáculo” para o desenvolvimento da Argentina nas últimas décadas.
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Mercosul e UE anunciam acordo de livre comércio após 25 anos de negociação
Foi nesse tom que ele pediu maior abertura para que os integrantes do bloco possam negociar individualmente com outros países, para a satisfação de seu colega uruguaio Lacalle Pou, que vem tentando, sem sucesso, maior liberdade para assinar um acordo bilateral de comércio com a China.
O jornal La Nación destacou que Milei apontou a necessidade de os países membros do bloco poderem ter acordos de livre comércio (TLCs) com terceiros, mas sem quebrar o acordo regional. No caso específico de seu país, ele busca avançar um pacto com os Estados Unidos.
Já Lacalle Pou se referiu em seu discurso justamente a essa situação e comemorou as declarações do presidente argentino. “As pressões para que o Uruguai não assinasse com a China estavam presentes, com presidentes que já se foram”, disse, numa possível alusão ao ex-presidente argentino Alberto Fernández.
“O Uruguai tem a necessidade e a vocação de se abrir para o mundo. Fico feliz em ouvir Milei”, ele mencionou e aludiu ao número de vezes que ele pediu por isso. “Uma tese que mantenho, a existência do Mercosul não é contrariada com a flexibilidade do bloco, sejamos, cresçamos, não atacamos o espírito fundador, simplesmente progredimos”, disse o presidente uruguaio.
Antes dele, Milei já havia tocado no tema da necessidade de “comercializar mais e melhor”. “Vamos ganhar autonomia sem abandonar os acordos que nos unem hoje”.
"Os últimos 20 anos de política econômica deixaram a Argentina em um poço profundo". Parte da responsabilidade, segundo ele, é do Mercosul."
“Em suma, o Mercosul – que nasceu com a ideia de aprofundar nossos laços comerciais – acabou se tornando uma prisão que não permite que seus países membros aproveitem suas vantagens comparativas ou seu potencial de exportação. Esse problema não é novo, mas se continuarmos tentando cobrir o sol com as mãos, será cada vez mais difícil de resolver”, disse Milei.
Segundo ele, a tarifa externa comum (TEC) não apenas encareceu a importação de bens de produção, tornando as indústrias locais mais caras e menos competitivas, mas também fechou inúmeras rotas comerciais para o país.
“O comércio funciona como uma rodovia de mão dupla. Para poder vender livremente, você deve estar disposto a comprar livremente também."
O presidente da Argentina comparou essa situação no Mercosul, com as políticas mais abertas adotadas por Chile e Peru. “Enquanto vizinhos como Chile e Peru se abriram para o mundo e firmaram acordos comerciais com os protagonistas do comércio global, nos trancamos em nosso próprio aquário, levando mais de 20 anos para fechar um acordo com o qual celebramos hoje.”
“Não podemos perder oportunidades comerciais, precisamos delas como água no deserto”, declarou.
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