O líder do principal grupo por trás da oposição armada da Síria, Abu Mohammad al-Jolani, chamou a derrubada do presidente Bashar al-Assad de uma “vitória para toda a nação islâmica” em seus primeiros comentários públicos desde que os rebeldes capturaram a capital Damasco.
“Esta vitória, meus irmãos, é uma vitória para toda a nação islâmica. Este novo triunfo, meus irmãos, marca um novo capítulo na história da região”, disse o líder do Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), um grupo que foi formado a partir de um antigo afiliado da Al Qaeda.
Em discurso feito dentro de uma mesquita na capital, Jolani acrescentou que a Síria tinha sido um “playground para ambições iranianas, espalhando sectarismo, incitando corrupção”, mas agora, “a Síria está sendo purificada pela graça de Deus Todo-Poderoso e pelos esforços dos heróicos Mujahideen”.
O Irã e seu representante Hezbollah foram os principais apoiadores do governo de Assad.
"Esta é uma nação que, se seus direitos forem tomados, continuará a exigi-los até que sejam restaurados", disse Jolani, acrescentando que o HTS estava libertando pessoas que foram presas pelo regime de Assad.
"Meus irmãos, deixei esta terra há mais de 20 anos, e meu coração ansiava por este momento", disse Jolani à multidão reunida na mesquita de Umayyad.
"Não há uma única casa na Síria que a guerra não tenha tocado. Louvado seja Deus, hoje a Síria está se recuperando."
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma "guerra por procuração".
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte "adormecido", com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
CNN Brasil