A expectativa em torno da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é alta. A recente entrega do pacote de corte de gastos pelo governo federal desestabilizou as expectativas do mercado financeiro e agora cabe à autarquia estabelecer novos parâmetros.
Há consenso em relação a um aumento da taxa básica de juros, a Selic, no fim da reunião desta quarta-feira (11). Já o percentual deste aumento está longe de um consenso e é a notícia mais aguardada da semana.
A pesquisa do time de research da XP, com 32 gestores de fundos multimercado macro, afirma que a maioria (81%) dos profissionais consultados espera um aumento de 0,75 ponto percentual nos juros, levando a Selic a 12% no fechamento de 2024. 13% acreditam em 0,50 p.p. de alta e a minoria (6%) prevê um avanço de 1,0 p.p.
O time da própria XP espera um ajuste de 1,0 ponto percentual na reunião desta semana e também no primeiro encontro de 2025, seguidas por duas de 0,50 p.p. em março e maio, levando a taxa Selic para 14,25% no pico do atual ciclo de ajuste monetário.
Entre os motivos que justificam uma postura mais dura do BC estariam as deteriorações de perspectivas para a taxa de câmbio, juros futuros e inflação. No relatório Focus desta segunda-feira (9), economistas elevaram suas medianas de inflação em 2024 e 2025 para 4,84% e 4,59% – ambas acima do limite de tolerância da meta, de 4,5%. A projeção da Selic para o fim do ano foi a 12% (ante 11,75% na semana anterior) e o câmbio subiu a R$ 5,95 (frente R$ 5,70 uma semana antes).
"A conjuntura parece suficientemente aguda para que o Copom opte por um movimento mais intenso, pelo menos em dezembro. A nosso ver, a elevação da taxa Selic em 1,00 p.p. contribuiria para estabilizar os preços dos ativos financeiros – especialmente a taxa de câmbio – e reforçar inequivocamente o compromisso do Copom com a inflação baixa", diz o relatório pré-Copom da XP.
Sentimento negativo
O Brasil não tem sido as apostas dos gestores de multimercado, segundo o levantamento da XP. No câmbio, a aposta forte é na apreciação do dólar, com 95% dos profissionais posicionados para ganhar com o aumento do preço da moeda internacionalmente. Em relação ao real, 61% dos gestores estão vendidos, esperando uma piora no valor da moeda brasileira.
O sentimento negativo em relação à economia local atingiu o pico do ano neste levantamento de dezembro. 66% dos especialistas afirmaram ter uma perspectiva futura negativa. As respostas "neutra" e "positiva" foram de 22% e 13%, respectivamente. O dado contrasta com as respostas de janeiro, quando o pico de sentimento positivo em relação à economia local era de 71%, frente 12% neutro e 18% negativo.
A visão negativa também se reflete nas posições em Bolsa Brasil. Atualmente, 63% dos gestores multimercado não têm posição em ações brasileiras, enquanto 13% apostam na queda e 25% esperam alguma alta.
SIte da InfoMoney