Uma das personagens centrais de “Cem Anos de Solidão“, livro escrito por Gabriel García Márquez e que se tornou uma série da Netflix, é Úrsula Iguarán. A matriarca da família Buendía, em torno da qual a história se desenrola, saiu da literatura para um novo formato na adaptação feita pelo serviço de streaming e que teve os primeiros oito episódios disponibilizados em 11 de dezembro.
A série de “Cem Anos de Solidão” possui produção executiva dos filhos de García Márquez e é a primeira deste livro – além de ser a mais ambiciosa adaptação das obras do escritor colombiano.
Para o desafio, a Netflix aceitou as condições impostas pela família de Márquez, como que a obra fosse toda gravada em espanhol, na Colômbia e feita por uma equipe de latino-americanos. Entre eles, está a diretora Laura Mora, responsável por alguns dos episódios da adaptação.
Em material enviado com exclusividade para a CNN, Mora destacou a personagem Úrsula Iguarán como uma das personagens mais fortes e centrais da história, além de ser a espinha dorsal da família Buendía. Na adaptação, Úrsula é interpretada por Susana Morales quando jovem e por Marleyda Soto quando mais velha.
“Em ‘Cem Anos de Solidão’ definitivamente tem algumas figuras femininas muito, muito fortes”, disse a diretora. “Eu não acho que a história ou o livro está propondo, de certo modo, essa ideia, mas é uma leitura natural de como as mulheres são na Colômbia e no Caribe e como esse grande matriarcado que existe, em outras palavras. Úrsula é realmente a força e a espinha dorsal daquela família.”
“À primeira vista no romance, a personagem Úrsula poderia parecer, às vezes, antipática”, continuou, “porque ela está sempre colocando um pouco de ordem no que ela chama diversas vezes de ‘hospício’, mas quando você mergulha nessa personagem e você percebe como ela também desafia sua mãe, como ela tenta desafiar o comando, como ela tenta ir contra aquela maldição por mais que a assombra, como ela trata aquele homem apesar de sua loucura, a dor que a guerra lhe causa, como ela defende aqueles que serão seus inimigos naturais.”
A diretora defende Úrsula como a representação da mulher Colombiana “por ser uma mulher que sustenta uma família, é uma força de trabalho”. “Úrsula é a representação de uma mulher com toda a força, com todo o amor de uma mãe, e ela é também a força econômica daquela família, que nós não podemos esquecer que quem sustenta financeiramente aquela família é Úrsula, seus animais, seus doces, sua padaria – Úrsula não para de trabalhar e acredito que isso reflita a mulher colombiana, como se olharmos para a história da Colômbia, quem têm sustentado, que ficaram sozinhas após o conflito ou enterraram seus filhos ou seus maridos e sustentam a cultura colombiana como ela é – tem sido nós, as mulheres”, disse.
Enquanto Úrsula representa uma matriarca conservadora e rígida, outras figuras femininas quase que se tornam antagonistas dela, como é o caso de Pilar Ternera. Mora ressaltou, no entanto, que as muitas faces femininas representam as muitas faces das mulheres colombianas.
“Acho que Úrsula e Pilar são como lados diferentes da mesma moeda”, contou. “Elas também crescem no mesmo ambiente e, no entanto, enquanto uma sustenta a casa e também se torna mais conservadora com os anos – o que também é muito colombiano -, a outra é uma mulher profundamente livre e é um pouco mais mística.”
“Sinto que o livro e a série obviamente tentam abraçar isso, é muito mais feminino do que se poderia pensar à primeira vista, [pois é focado em personagens masculinos] como o Coronel Aureliano Buendía e José Arcadio Buendía, mas então quando você revisita o livro uma e outra vez, [percebe que] é um romance sustentado por mulheres”, concluiu e avaliou a diretora.
“Cem Anos de Solidão” foi transformada em série composta por 16 episódios pela Netflix, dividida em duas partes. A primeira parte já está disponível no serviço de streaming. A segunda, no entanto, ainda não tem data de estreia.
Veja também – Imagens da primeira parte de “Cem Anos de Solidão”
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1 de 16 Imagem do pôster de "Cem Anos de Solidão", adaptação feita pela Netflix da obra de Gabriel García Márquez. Divulgação
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2 de 16 Susana Morales como Úrsula e Marco Antonio González como José Arcadio Buendía no casamento dos dois em "Cem Anos de Solidão"
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3 de 16 Marco Antonio González como José Arcadio Buendía e Helber Eddward como Prudencio Aguilar em "Cem Anos de Solidão"; após o conflito, José Arcadio e Úrsula precisam deixar a cidade. Mauro González/Netflix
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4 de 16 Moreno Borja como Melquíades em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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5 de 16 Jerónimo Barón como Aureliano (criança) e Marco Antonio González como José Arcadio Buendía em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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6 de 16 Marco Antonio González como José Arcadio Buendía na busca por uma nova cidade em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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7 de 16 Os ciganos em "Cem Anos de Solidão" Juan Cristóbal Cobo/Netflix
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8 de 16 Marco Antonio González como José Arcadio Buendía em Macondo Mauro González/Netflix
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9 de 16 Marleyda Soto como Úrsula Iguarán em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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10 de 16 Marleyda Soto como Úrsula Iguarán em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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11 de 16 Santiago Vásquez como Aureliano em "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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12 de 16 Os peixinhos dourados do coronel Aureliano Buendía Mauro González/Netflix
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13 de 16 "Cem Anos de Solidão" Mauro González/Netflix
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14 de 16 Loren Sofía como Amaranta em "Cem Anos de Solidão" Pablo Arellano/Netflix
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15 de 16 Claudio Cataño como Aureliano em "Cem Anos de Solidão" Pablo Arellano/Netflix
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16 de 16 Claudio Cataño como Aureliano em "Cem Anos de Solidão" Divulgação/Netflix
Saiba quais foram as condições para adaptação de "Cem Anos de Solidão”
CNN Brasil