O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, voltando ao patamar dos 123 mil pontos, após o banco central dos Estados Unidos manter a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% e apontar resiliência da inflação na maior economia do mundo.
Investidores ainda aguardam o desfecho da decisão de política monetária do Banco Central do Brasil nesta quarta-feira, de olho nos sinais sobre os próximos passos, enquanto se espera alta da Selic de 12,25% para 13,25% nesta reunião.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,5%, a 123.432,12 pontos, tendo marcado 124.766,95 pontos mais cedo, na máxima, e 123.278,43 pontos à tarde, na mínima do dia.
O volume financeiro no pregão somou 15 bilhões de reais.
No comunicado que acompanhou sua decisão, o Federal Reserve excluiu o trecho que dizia que a inflação “progrediu” em direção à meta de inflação de 2%, destacando apenas que o ritmo de aumento dos preços “continua elevado”.
Na visão do economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, o comitê do Fed seguiu o protocolo de não oferecer pistas sobre os próximos movimentos, mas foi enfático em ressaltar que o mercado de trabalho está forte e a inflação permanece acima da meta.
“A leitura é que será mais difícil dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário com relação à visão divulgada na reunião de dezembro”, acrescentou, em nota.
A queda nesta quarta-feira, a segunda consecutiva, ocorre após o Ibovespa renovar máxima desde meados de dezembro na segunda-feira, fechando a 124.861,50 pontos e acumulando desde o começo do ano um ganho de 3,8%, após o tombo de 10% em 2024.
Parte do movimento pode ser explicado pela entrada de capital externo, com o saldo positivo em 4,3 bilhões de reais em 2025 até o último dia 27.
Na visão da gestora de renda variável Isabel Lemos, da Fator Gestão, o movimento recente mais positivo do Ibovespa também pode ser visto como um ajuste à aversão a risco mais forte para o começo do governo de Donald Trump nos EUA.
“Ele não chegou com aquele aumento de tarifa para a China que comentava (na campanha)⦠Isso deu, de certa maneira, uma acalmada”, observou, ressaltando, porém, que ainda são os primeiros dias do segundo mandato de Trump.
Para Lemos, apesar do alívio nos últimos pregões, o cenário para a bolsa brasileira continua “conturbado” e um dos componentes é o patamar dos juros no país.
Mesmo destacando que há ações com níveis de preços atrativos, ela pontuou que o nível dos juros cria um ambiente “um pouco mais difícil” para quem busca aumentar a exposição em renda variável.
DESTAQUES
– LOCALIZA ON perdeu 3,79%, pressionada pelo movimento de alta na curva de juros brasileira, que afetou outros papéis de empresas sensíveis à economia doméstica, entre eles MAGAZINE LUIZA ON, que recuou 2,51%, no segundo dia seguido de queda, após começar a semana marcando máximas em um mês. O índice do setor de consumo caiu 0,6%.
– BRASKEM PNA caiu 2,67%, em mais um dia de ajuste negativo, após forte valorização desde o começo do ano — até a segunda-feira, subia mais de 28%. O analista Conrado Vegner, do Safra, reiterou a recomendação neutra para a ação e reduziu o preço-alvo de 27 para 18 reais, citando recuperação mais lenta do que o esperado nos spreads petroquímicos.
– PETZ ON subiu 2,9%, descolando de outros varejistas em dia de alta nas taxas dos DIs. Após anunciar na segunda-feira que a XP passou a deter uma participação de 11,65% na empresa, a Petz disse na véspera que fundos controladores da Cobasi — que fechou acordo para fusão com a Petz — reduziram temporariamente sua participação na companhia para 8,3%.
– RD SAÚDE ON fechou em alta de 2,14%, no segundo dia de recuperação, após quatro sessões seguidas de queda, período em que as negociações tiveram como pano de fundo notícias envolvendo possibilidade de supermercados venderem medicamentos sem prescrição e definição do fator X referente ao reajuste de preços de medicamentos a ser aplicado em 2025/2026.
– PETROBRAS PN recuou 0,62%, em dia de queda dos preços do petróleo no mercado externo, onde o barril de Brent perdeu 1,17%.
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou com variação negativa de 0,24%, enquanto BANCO DO BRASIL ON caiu 0,33%, BRADESCO PN encerrou em baixa de 1,03% e SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 0,76%. Itaú, Bradesco e Santander divulgam balanço do quarto trimestre de 2024 na semana que vem, mas o foco estará nos prognósticos para 2025.
– VALE ON fechou em alta de 0,28%, tendo no radar dados na véspera mostrando queda de 4,6% na produção de minério de ferro no quarto trimestre ante o mesmo período de 2023, após a companhia decidir reduzir o volume de produtos de alta sílica para priorizar minérios que rendem maior margem.
SIte da InfoMoney