Por Sergio Goncalves e Catarina DemonyLISBOA (Reuters) – A Aliança Democrática de centro-direita de Portugal estava a caminho de terminar em primeiro lugar nas eleições parlamentares deste domingo, mas sem alcançar a maioria absoluta, com 92% das urnas apuradas, o que sugere negociações difíceis com a extrema-direita, que registrou um grande avanço.
Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA (Reuters) – A Aliança Democrática de centro-direita de Portugal estava a caminho de terminar em primeiro lugar nas eleições parlamentares deste domingo, mas sem alcançar a maioria absoluta, com 92% das urnas apuradas, o que sugere negociações difíceis com a extrema-direita, que registrou um grande avanço.
O partido populista de extrema-direita Chega ficou em terceiro lugar, com quase 19% dos votos, quase triplicando seu resultado da última eleição no início de 2022, quando obteve 7,2%. Ele fez campanha com uma mensagem antiestablishment, prometendo varrer a corrupção, e de hostilidade ao que considera uma imigração “excessiva”.
Até agora, a Aliança Democrática (AD) obteve 29,8% dos votos, um pouco à frente do atual partido governista, o Partido Socialista (PS), que obteve 28,7%.
Os resultados preliminares estavam em linha com as pesquisas de boca de urna divulgadas após o fechamento das seções eleitorais às 20h (horário local). O comparecimento às urnas foi de quase 65%, um aumento acentuado em relação aos 51,5% registrados em 2022.
“É o fim do sistema bipartidário”, disse o líder do Chega, André Ventura, aos repórteres, referindo-se ao PS e ao Partido Social Democrata (PSD), que comanda a recém-criada Aliança Democrática. Os dois partidos têm se alternado no poder desde o fim da ditadura fascista, há cinco décadas.
A votação de domingo mostra claramente que os portugueses querem um governo de coalizão entre a AD e o Chega, acrescentou Ventura.
No entanto, até o momento, a AD descartou qualquer acordo com o Chega, o que poderia resultar em um governo de minoria instável que os parlamentares de extrema-direita poderiam derrubar a qualquer momento.
Na festa da AD na noite da eleição, a apoiadora Paula Madeiro disse que “não há dúvida de que a instabilidade será constante”.
Alexandra Ferreira, estudante de direito de 21 anos e membro do Partido Socialista, disse que estava “muito triste” com os resultados devido ao crescimento da extrema-direita. Ela disse que isso mostra que “temos uma sociedade sem memória”, em referência à ditadura que terminou em 1974.
O apoiador da AD, João Cunha, também de 21 anos, disse que a situação do país era ruim após oito anos do PS no poder, com os jovens ainda emigrando em busca de melhores oportunidades. Ele esperava que uma mudança no governo trouxesse reformas no setor de saúde e no ensino superior.
A eleição deste domingo foi desencadeada pela renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa em meio a uma investigação de corrupção há quatro meses.
O Partido Socialista, de centro-esquerda, e o Partido Social Democrático (PSD), que lidera a recém-criada Aliança Democrática, têm se alternado no poder desde o fim de uma ditadura fascista, há cinco décadas.
As questões dominantes na campanha no país mais pobre da Europa Ocidental incluíam uma forte crise habitacional, baixos salários, saúde precária e corrupção, vista por muitos como endêmica nos principais partidos.
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