O presidente do Solidariedade, Eurípedes Júnior, é alvo de mandado de prisão pela Polícia Federal (PF) por suspeita de desvio de R$ 36 milhões do fundo eleitoral, nesta quarta-feira (12).
O presidente do Solidariedade, Eurípedes Júnior, é alvo de mandado de prisão pela Polícia Federal (PF) por suspeita de desvio de R$ 36 milhões do fundo eleitoral, nesta quarta-feira (12). A PF o considera foragido.
Dos sete mandados de prisão preventiva expedidos, apenas o de Eurípedes — que também foi dirigente do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), sigla que se fundiu ao Solidariedade em 2023 —, não foi cumprido até o momento.
Como parte da operação desta quarta, a PF apreendeu um helicóptero que era usado por Eurípedes. A aeronave foi comprada em 2015 por R$ 2,5 milhões e, atualmente, vale R$ 5 milhões. A PF aponta que ela foi comprada com dinheiro desviado.
As fraudes, segundo a PF, aconteceram entre 2019 até o ano passado.
Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, de 49 anos, começou a carreira como vereador por Planaltina de Goiás (GO), em 2008, eleito pelo antigo PSL.
Em 2013, o político fundou o Pros. O partido sempre teve DNA governista e viés petista: apoiou candidaturas petistas em 2014, 2018 e 2022, mas votou majoritariamente com os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Já no Pros, Eurípedes candidatou-se a deputado federal por Goiás em 2014, sem obter sucesso na empreitada. Nas eleições de 2018, concorreu como 1º suplente do candidato a senador Walisson Nascimento, do PTB, que não se elegeu na ocasião.
A gestão de Eurípedes à frente do Pros foi marcada por disputas de poder e contestações na Justiça, principalmente envolvendo o político e o ex-dirigente Marcus Holanda.
Durante o período que disputaram o comando do partido, Holanda registrou um boletim de ocorrência no qual acusou seu antecessor pelo sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, entre eles o helicóptero apreendido hoje.
Em 2020, um grupo ligado a Holanda conseguiu afastar Eurípedes do comando do partido, com a eleição de um novo diretório nacional. Marcus Holanda se tornou o novo presidente.
Em meio a diferentes ações na Justiça do Distrito Federal, Eurípedes retomou o controle da legenda, que retornaria às mãos de Marcus Holanda em março de 2022, por meio de uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Holanda, naquele mesmo ano, lançou a pré-candidatura do influenciador Pablo Marçal, hoje no PRTB, enquanto a disputa com Eurípedes continuou na Justiça.
Dois meses antes da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu manter a presidência do Pros com Eurípedes — que, então, retirou a candidatura de Marçal e fechou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito contra Jair Bolsonaro (PL).
Em 2023, Eurípedes articulou a fusão com o Solidariedade, que contava com quatro deputados federais — o Pros, com três.
Ambos os partidos não conseguiram atingir a cláusula de barreira em 2022, e por isso ficaram sem acesso ao fundo partidário e sem o direito de veicular propaganda gratuita em rádio e TV durante as campanhas eleitorais.
Eurípedes, hoje presidente do Solidariedade, foi o principal alvo da operação da PF de hoje.
Além de determinar a apreensão do helicóptero, a Justiça do Distrito Federal deferiu também o bloqueio de 32 imóveis que estão registrados em nome de dez pessoas — físicas e jurídicas. Os imóveis estão avaliados em R$ 5 milhões.
O Judiciário determinou ainda o bloqueio de bens de nove carros e R$ 36 milhões das contas dos investigados.
A investigação aponta que Eurípedes Júnior, enquanto era presidente do Pros, usava o helicóptero para se deslocar de Planaltina (GO) para a sede da legenda, em Brasília.
Segundo a PF, o piloto registrado para o helicóptero também figura como funcionário do partido Solidariedade. Ele também foi alvo de mandado de busca e apreensão pela PF hoje.
A CNN tenta contato com a defesa de Eurípedes Junior e aguarda resposta. O espaço está aberto.
Em nota, o Solidariedade disse que "são fatos ocorridos antes da união do Pros com o Solidariedade". "Estamos tomando pé da situação e ainda não temos uma posição sobre os fatos", disse o partido.
*Com informações de Elijonas Maia e Basília Rodrigues, da CNN, em Brasília
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