Pouco mais de dois anos após a privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), concluída em 9 de junho de 2022, analistas de mercado revisitam o case de investimentos da companhia de energia – com visões positivas para o papel, ainda que alguns temores sobre a ação periodicamente entrem no radar e afetem os ativos no curto prazo.
Pouco mais de dois anos após a privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), concluída em 9 de junho de 2022, analistas de mercado revisitam o case de investimentos da companhia de energia – com visões positivas para o papel, ainda que alguns temores sobre a ação periodicamente entrem no radar e afetem os ativos no curto prazo.
A XP atualizou as suas estimativas sobre a elétrica para incorporar a visão mais recente sobre os preços da energia e os últimos resultados reportados, mantendo recomendação de compra com um preço-alvo de R$ 57,00 por ação ELET3, ou potencial de alta de 49% em relação ao fechamento da última quarta-feira (10).
Vladimir Pinto e Maíra Maldonado, analistas da XP que assinam o relatório, veem um cenário de curto prazo mais favorável nos mercados de energia devido a uma das estações chuvosas mais fracas da série histórica em 2024. No longo prazo, o cenário base para os preços da energia considera uma recuperação lenta, pois a situação de excesso de oferta deve ser resolvida gradualmente com maior crescimento da demanda.
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Em relação ao corte de custos e à reestruturação corporativa, apesar de muito ter sido feito, a XP ainda vê muito espaço para fechar a lacuna ante os pares. Já na frente de gestão de passivos, a empresa pode se tornar mais previsível, pois fez vários acordos com os titulares desse direito para antecipar recursos com desconto e também reduzir o risco de provisões adicionais. Outro gatilho é a possibilidade de um acordo com o governo, dada a redução do risco percebido pelos investidores.
A XP aponta ainda que, desde sua privatização, a Eletrobras tem conseguido reduzir gradativamente sua posição descontratada e explorar oportunidades de mercado, apesar do cenário desafiador vivido desde a segunda metade de 2022. Mais recentemente, vê um momento mais favorável para os preços da energia devido a uma das estações chuvosas mais fracas de todos os tempos: a XP passou a adotar preços de R$ 158/MWh (megawatts/hora) para o 2S24, R$ 150/MWh para o período 2025-2027 e R$ 155/MWh para 2028 em diante.
Na semana passada, o Bank of America (BofA) reforçou recomendação de compra para a Eletrobras, vendo melhora nos fundamentos e redução do risco político. O banco elevou o preço-alvo para os ativos ELET6 de R$ 66 para R$ 69, enquanto cortou o das ações ON de R$ 59 para R$ 57, mesmo preço-alvo da XP.
As projeções de lucro por ação (LPA) também foram atualizadas, com a previsão para 2024 sendo cortadas de R$ 2,51 para R$ 1,75. Enquanto isso, em 2025, a estimativa passou de R$ 2,04 para R$ 0,84, e, para 2026, foi de R$ 2,82 para R$ 1,40. Essa parte é atribuída aos preços de energia registrados, que tiveram alta de 25% desde o começo do ano, mas ainda não se refletindo nas ações.
Dentre outros fatores que interferem no preço, está a existência de potenciais compradores marginais, devido ao posicionamento elevado no início de 2024. Entre os pontos positivos, os fundamentos da Eletrobras se beneficiam da recente revisão regulatória para transmissão de energia e venda de ativos por valor atrativos que ajudam na queda do risco. Para o banco americano, a exposição no portfólio dos investidores à Eletrobras deve ser reavaliada à medida que houver mais evidências de que preços futuros mais altos de energia poderão se reverter em geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e novos contratos – a projeção é de que isso ocorra entre o segundo e o quarto trimestre de 2024.
O BB Investimentos, no fim de junho, iniciou cobertura para as ações com recomendação de compra para ELET3, em função do potencial de valorização até o preço-alvo que estima em R$ 51,10 para o fim de 2025 (upside de 34%), e também pelo potencial de remuneração aos investidores via dividendos no longo prazo.
“Assumimos, por ora, o percentual mínimo obrigatório de distribuição de dividendos, de 25% do lucro líquido, dado que o foco inicial da gestão está na reestruturação corporativa, societária e financeira, bem como na retomada da expansão dos ativos, mas entendemos que naturalmente esse porcentual deve aumentar uma vez que os segmentos de atuação da empresa são fortes geradores de caixa”, apontou.
O banco também tem visão positiva com base nas características de grande geração de energia elétrica por fontes limpas e localização geográfica dos ativos da companhia por todo o território brasileiro, trazendo grande potencial de sinergia com novos projetos de geração e transmissão que serão implantados no Brasil. "A forte geração de caixa operacional e baixa alavancagem também posicionam a Eletrobras como forte competidora pelos novos projetos de Transmissão ofertados em leilões regulados", reforçou.
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