A brasiliense Poli Pieratti abre sua nova exposição nesta quinta-feira (8/8), no Espaço Alto, no Centro de São Paulo.
A brasiliense Poli Pieratti abre sua nova exposição nesta quinta-feira (8/8), no Espaço Alto, no Centro de São Paulo. Com 14 telas dispostas em dois andares, ela apresenta A Terra do Mar, uma mostra das transições de sua prática artística que passeia entre a trajetória pessoal de Poli e a história da arte brasileira.
“Gosto de pensar no mar e na terra como grandes áreas de mistério: sabemos muito pouco sobre o conteúdo dos oceanos, assim como sabemos pouco sobre as profundezas terrestres: podemos dizer o mesmo sobre nosso inconsciente”, analisa a pintora autodidata.
Uma parte da exposição é inspirada nas cores do cerrado e elementos arquitetônicos de Brasília, fazendo uma referência às origens da pintora. A segunda parte passeia nas cores terrosas e marítimas, que refletem a alternância de elementos abstratos e figurativos.
“Brasília esculpiu meu olhar, meu tempo, meu silêncio. O cerrado me fez sentir na pele a importância das águas. Eu não seria quem eu sou sem essa conexão com a terra natal, acho que Brasília encontra uma forma de estar presente em todas as imagens que eu crio. É uma cidade extremamente visual, monumental, ampla, estranha.”
Ela ainda homenageia um dos nomes mais importantes da arte brasileira, Anita Malfatti. “Estou expondo no mesmo endereço em que Anita Malfatti expôs, 107 anos atrás. Não haveria outra forma de ocupar esse espaço sem pedir licença, sem honrar a força de Malfatti. Foi quando decidi reler algumas de suas obras: Burrinho Correndo, sua primeira tela; A Onda e A Ventania”, detalha.
A artista explica que escolheu essa composição por meio de pesquisa e intuição e que “os temas têm muito a ver com questões íntimas e também coletivas”. “Falar de água é uma forma de falar de memória. Eu acredito que toda lembrança tem algo de submerso. Quando comecei a refletir sobre as diferentes águas, eu fui adentrando no universo das paisagens de Anita Malfatti”, detalha.
Poli Pieratti pontua ainda a importância do movimento de Anita para a história da arte nacional. “Mesmo hoje, em 2024, muitas mulheres expressam de forma incompleta devido à opressão estrutural, imagina viver isso em 1917? Sou muito grata pelo movimento que Anita fez – e espero que cada arte criada por uma mulher consiga ampliar a liberdade artística das próximas que virão.”
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