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Cinema

Chapada dos Veadeiros tem bangue-bangue no Festival de Gramado

Conhecida por abrigar comunidades e turistas procurando descanso ou espiritualidade, a Chapada dos Veadeiros pode ser apelidada de “onde os fracos não têm vez” no filme Oeste Outra Vez, do diretor Érico Rassi.


Foto: Metrópoles

Conhecida por abrigar comunidades e turistas procurando descanso ou espiritualidade, a Chapada dos Veadeiros pode ser apelidada de “onde os fracos não têm vez” no filme Oeste Outra Vez, do diretor Érico Rassi. Citar referências para o trabalho não é um problema, pois o que o diretor faz é reunir várias delas e usá-las para dizer algo de uma maneira nova. Apresentado na 3ª noite de competição do Festival de Gramado, o longa já desponta como um dos favoritos ao troféu.

Numa estrada de terra, cercada pelo território seco e arenoso do Cerrado, Toto (Ângelo Antônio) está sentado em seu carro esperando alguém. Quando avista a caminhonete de Durval (Babu Santana), dá a partida, dirige ao seu encontro, e bloqueia o caminho. Os dois homens saem e, sem trocar palavra, começam a brigar. A companheira de Durval (Tuanny Araújo), também sai do carro só que, em vez de intervir, vira as costas e vai embora. A simplicidade desta primeira sequencia é indicativa do filme inteiro: uma história sobre homens, seus egos e a violência que acompanha.

A disputa é sobre uma mulher; aquela mesma, que dá as costas e vai embora na primeira cena. Só que talvez seja por menos que isso. Quando a mulher os deixa, ela nos deixa também, numa história tomada por homens pequenos, patéticos e frágeis, que tentam resolver tudo na bala. Toto busca uma conversa com Jerominho (Rodger Rogério), cliente idoso do bar que se revela como matador de aluguel. O plano dá errado e logo é a vez de Durval contratar seus próprios matadores, Antonio (Daniel Porpino) e Domingos (Adanilo Reis). Sem rumo, Toto e Jerominho partem a cavalo pela paisagem, tentando evadir quem está à sua procura.

Oeste Outra Vez, além de ser filme, é um estado de espírito. Com fotografia e cenários naturalistas, tem um diálogo muito bem trabalhado, com toques de excentricidade e surrealidade. Muito pouco é dito, muita coisa é repetida, e por isso que muitos vão referenciar o trabalho dos Irmãos Coen. A circularidade do texto, que caminha e parece não ir a lugar nenhum, remete à Beckett. É difícil explicar as nuances de atuação e intonação que revelam o não dito por trás deste diálogo tão preciso. Rodger Rogério, conhecido mais como músico na cena cultural brasileira, e com apenas participações pequenas em filmes como Bacurau, é uma revelação em seu primeiro papel como protagonista. E o filme ainda tem Antonio Pitanga numa participação importante.

Em um gênero dominado por homens como o faroeste, a proposta do diretor Erico Rassi é levar este domínio de protagonista para o extremo. É aqui que está a inovação temática. Que tipo de cenário vira uma paisagem abandonada pelas mulheres? Como que os homens lidariam com esta solidão? Incapazes de se abrirem uns com os outros, propensos a procurarem na bebida e na violência uma solução externa, todos os seus códigos de honra e estoicismo os transforma apenas em sombras patéticas.

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