Pedro Carvalho e Jéssica Marques estrelam a peça de teatro Pandemônio, que narra um Brasil distópico no qual um pastor conservador e extremista e uma mulher ativista lésbica ficam presos em um bunker e discutem sobre a comunidade LGBTQIAP+, religião e política.
Pedro Carvalho e Jéssica Marques estrelam a peça de teatro Pandemônio, que narra um Brasil distópico no qual um pastor conservador e extremista e uma mulher ativista lésbica ficam presos em um bunker e discutem sobre a comunidade LGBTQIAP+, religião e política.
O espetáculo, atualmente em cartaz no no Rio de Janeiro, é o resultado de uma inquietação do diretor e roteirista Breno Sanches. Ao Metrópoles, ele explicou que trabalha no texto há mais de 10 anos, desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Para ele, ao longo dessa década, um movimento político “estranho” ocorre no Brasil.
“[Trata-se de] uma participação muito grande da bancada evangélica no Congresso, vetando algumas leis e direitos que a gente já tinha conquistado”, explicou Marson. A forma encontrada pelo diretor para representar o tema foi colocar dois opostos, trancados em um bunker, em um futuro distópico – mas, incrivelmente, parecido com o presente.
“Tem frases no texto e coisas que são colocadas que hoje em dia a gente ouve dentro da realidade. São frases que, infelizmente, a gente não gostaria de ouvir, ou direitos sendo cortados, o que realmente tem acontecido. A gente passou os últimos anos ouvindo atrocidades e quase começou a normalizar isso”, avaliou Breno.
Para viver o protagonista, o escalado foi o ator português Pedro Carvalho, que precisa vivenciar o pastor conservador Anton. A escolha carrega, nela mesma, uma ironia. O artista é casado com o advogado João Henrique Simonetti. “Saber que eu sou o oposto, me ajudou a enxergar com um olhar de fora. Isso foi interessante para mim como ator e como pessoa, para ter esse lugar de empatia”, definiu Carvalho.
6 imagensAralume FotografiaAralume FotografiaAralume FotografiaAralume FotografiaAralume FotografiaAralume FotografiaPortuguês, Pedro Carvalho entende que tanto o Brasil quanto países europeus têm visto, nos últimos anos, a ascensão de grupos extremistas. Por isso, ele entende que a distopia retratada pode estar mais próxima da realidade do que se gosta de assumir.
“A gente caminha para um mundo onde cada vez mais existem nichos de extrema direita radical. São guerras que estão acontecendo no mundo inteiro. A gente está caminhando cada vez mais para uma comunidade na qual é cada um por si e cada um olha para o seu”, opinou.
Para o ator, a peça é um “grito” contra um futuro no qual tudo pode acontecer. “Amanhã você pode ter um golpe de estado e pode ter três grupos políticos lutando pelo poder. Não lutam por uma democracia, lutam se matando, esquartejando, sequestrando, estuprando”, pontuou. “A distopia funciona quando a realidade é ao mesmo tempo assustadora e possível”, completa Breno.
Carvalho detalhou que os personagens da peça são um “reflexo do oposto”, com um pastor que é de uma comunidade religiosa extremista completamente cega e uma ativista liberal, que defende a comunidade LGBT. O “conflito” dos dois faz ambos repensarem as próprias questões.
“A ideologia dos dois se choca muito. Eles dois acabam sonhando juntos, brigando juntos [â¦] É muito interessante ver que daquela relação nasce conflito, sonhos, pesadelos, divergências, amor, ódio, amizade, irmandade”, antecipou o ator.
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