O SILÊNCIO DOS CONIVENTES

* Maria Bonita

A Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe praticou um "estupro coletivo institucional" contra a advogada, Bruna Hollanda, e mostrou como o sistema é forte quando todos que integram a Ordem, se unem para calar e promover o silêncio dos coniventes, inclusive, com a anuência da presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que, segundo a vítima, foi constituída como advogada do estuprador.

A pergunta formulada pelo presidente da OAB/SE, Daniel Alves Costa à Dra. Bruna Hollanda, após ouvir o relato da vítima de estupro, demonstrou com clareza o seu comportamento misógino; Por que você subiu ao apartamento? Dr. Daniel resgatou os velhos tempos, quando um delegado de Polícia indagava a vítima de estupro: Por que você estava usando esse shortinho branco, provocador? Nos idos dos anos 70/80, era capaz da vítima ser presa em flagrante e o autor do estupro sair pela porta da frente da Delegacia, caminhando calmamente.

Em outro ponto incontroverso, fica caracterizada a omissão do presidente da Ordem ao não instaurar de ofício, e de imediato, o processo ético-disciplinar contra o autor do crime de estupro, seu sócio no Escritório de Advocacia. Ao invés de acolher uma mulher, advogada e conselheira da OAB/SE, fragilizada e abalada, preferiu rebater e contradizer as palavras de Dra. Bruna Hollanda. Com esse gesto, Daniel Costa rasgou e feriu de morte o art. 31 da Lei 8.906/1994, segundo o qual: "O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.

#FORADANIEL

O presidente da OAB Daniel Costa, ficará marcado para o resto da história como o conselheiro que protegeu o autor de um crime hediondo e abandonou a vítima de estupro. E para sair bem na fotografia, Dr. Daniel ainda gastou dinheiro da anuidade dos advogados de Sergipe para promover uma pesquisa estimulada sobre sua gestão, e abordar de forma induzida se as supostas ações tomadas pela OAB no caso de estupro envolvendo 2 conselheiros, foram satisfatórias. Mentiu, descaradamente, quando, por meio da pesquisa informou à classe de advogados que a OAB teria dado suporte à vítima, instaurado processo e afastado o conselheiro acusado. A vítima, que não foi ouvida pela pesquisa da OAB preferiu responder publicamente ao que fora indagado na consulta: "Não recebi acolhimento nem qualquer suporte da OAB/SE", extravazou Hollanda.

Após desprezar o sentimento de dor pelo qual passou a Dra. Bruna Hollanda, depois de descredibilizar o depoimento da advogada e conselheira, e tentar transferir a responsabilidade do estuprador para a vítima, o parcial presidente da Ordem preferiu rebater e contradizer as palavras de Dra. Bruna Hollanda e atribuir a culpa às mulheres que compõem a Comissão de Defesa da Mulher da OAB. Não resta uma outra alternativa, somente #foradanielcosta.

MEXEU EM UMA, PROBLEMA DELA

Cadê o Movimento em Sergipe Mexeu com uma mexeu com todas, um grito de protesto das mulheres que tomou conta de todo o país e virou documentário? Onde estão as Emílias, as Danielles, as Karatinas, as Éricas, as Yandras, as Candisses, as Niullys, as vereadoras de Aracaju e as deputadas estaduais que não defenderam e não se solidarizaram com a Dra. Bruna Hollanda. Foi medo da OAB/SE, foi conveniência ou conivência. Ora, não me venham com essa conversa fiada de uma postagem de 3 linhas no X (antigo twitter), um comentário no Instagram, uma curtida na publicação e ou uma publicação da entrevista da vítima de violência sexual, quase 2 meses depois.

Eu quero ver uma pré-candidata a prefeita de Aracaju, ou todas, juntas, se unirem, para comprar a briga de frente com a OAB e dar total assistência e amparo à vítima. Até desconheço quem gravou um vídeo combatendo o estupro praticado pelo advogado, conselheiro da Ordem, contra uma colega de profissão? Quem convocou uma coletiva de Imprensa para denunciar, da Tribuna da Câmara Municipal a omissão do presidente da OAB/SE? Quem usou o espaço da TV Alese para defender Dra. Bruna, pedir a prisão do estuprador? Quem, das duas representantes de Sergipe, na Câmara Federal, relatou o fato e pediu providências e intervenção do Conselho Federal da Ordem? Que decepção, vocês, mulheres, sem coragem, que silenciaram e abandonaram a Dra. Bruna.

Não me venham depois, o Governo do Estado, através da primeira-dama, Érica Mitidieri, as pré-candidatas à Prefeitura de Aracaju, a Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (OAB), as vereadoras da capital, as deputadas estaduais, as deputadas federais, fazerem postagens, curtidas, distribuição de leques em forma de coração, com frases de efeitos: NÃO É NÃO. BASTA, Importunação Sexual é crime. E por que não combater o ESTUPRO? É tudo um espetáculo circense com o pretexto de dizer que a MULHER, é prioridade na sociedade sergipana. A Dra. Bruna ficou sozinha e nem a turma política da lacração apareceu para cobrar a prisão do advogado estuprador.

No entanto, Dra. Bruna Hollanda tem recebido solidariedade e o amor de sua família, das amigas e de mulheres, realmente comprometidas com a defesa do Direito da Mulher, mesmo fora do poder. A conclusão é que as Instituições falharam, porque os homens e as mulheres que conduzem essas instituições foram corrompidos em sua essência moral.

Quem teve um dia, Dr. Silvério Fontes como presidente, hoje é comandada por Daniel, aquele que jogou Dra. Bruna Hollanda na cova dos leões. A OAB pode trocar a ordem das letras e dar motivos para um estuprador comemorar a mudança de ordem. OBA!

Imagens: @sergipeemanalise

*Maria Bonita, não é conselheira, não é advogada, mas tem coragem para combater a covardia da OAB de Sergipe e a violência contra a mulher.