Fernanda Young, que morreu aos 49 anos, em 2019, era divisiva.
Fernanda Young, que morreu aos 49 anos, em 2019, era divisiva. Com estilo desbocado, ácido e poético, a autora, atriz e roteirista dedicou boa parte da vida para pensar o Brasil. Assim, angariou muitos seguidores e haters: em uma era em que eles não se chamavam assim. Essa figura é persongem do documentário Fernanda Young – Foge-me ao Controle.
Dirigido por Susanna Lira, a produção tenta jogar luz a uma das facetas esquecidas de Young – ao mesmo tempo que era a sua prefirida. A de escritora, que publicou 15 livros, entre prosa e poesia.
“A Fernanda era muito conhecida pelas coisas na televisão. A medida que ela ia lançando os livros, eu ia lendo, porque gostava dessa voz feminista e libertária”, começa Susanna Lira, diretora do filme, ao Metrópoles.
Para a realizadora, a ideia de resgatar a Fernanda escritora é o fio condutor do projeto. “Isso sempre foi o que mais me chamou atenção nela. Tinha que dar esse reconhecimento que ela não teve em vida. As maiores angústias e inquietações estavam na literatura”, completa.
A diretora, então, pensou na forma como contar essa história e, após reflexões sobre o formato, chegou a ideia de usar imagens, áudios e textos de arquivo. “São os textos dela, falas dela, performances que ela realizada. Dar a voz a qualquer outra pessoa que não seja a Fernanda é um absurdo. Queríamos o caos criativo que era ela”, opina Susanna.
Mesmo tendo publicado 15 livros ao longo da carreira, Fernanda Young não conseguiu, na visão da diretora, o reconhecimento na literatura. “Era uma mulher libertária que coloca sua opinião de forma ácida e crítica, então, assustava as pessoas”, avalia a cineasta.
Se a literatura torceu o nariz para Fernanda Young, a televisão foi o meio que a abraçou. Como roteirista, ela foi a mente criativa de Os Normais e da série Shippados, além da participação no Saia Justa e outros programas.
“Quem são os grandes pensadores, hoje? Os influencers? São eles que ganham muito dinheiro. Para montar o elenco, se olha o número de seguidores de um ator. É uma loucura total”, acredita Susanna.
A realizadora acredita que Fernanda profetizou esse mundo: “Ela antecipou que estavamos virando esse mundo cafona”.
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