Ao longo de mais de uma década de carreira na internet, o conteúdo digital de Felipe Neto passou por várias fases, que vão desde vídeos ásperos a expressão de posicionamentos políticos nas redes sociais. Com o lançamento do novo livro, Como Enfrentar o Ódio, o influenciador relata o trabalho contra a intolerância e a desinformação em um Brasil polarizado.
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Por conta desta luta, Felipe Neto acredita que “uma máquina de ódio que foi direcionada para arruinar minha reputação e me imputar todo tipo de crime hediondo para uma parcela manipulada da população". Entre as acusações, estão associação a pedofilia, corrupção de menores, ameaça à segurança nacional e traição da pátria.
13 imagensNa obra, o influenciador revive estes momentos, como “um ato de exorcismo dos demônios que colocaram” nele. "Uma longa jornada de aprendizado, que continua dia a dia, é descrita em detalhes no livro. Acredito que essa transformação é uma das questões mais importantes, pois fala sobre como somos capazes de combater e vencer o nosso próprio ódio interno. E eu devo praticamente tudo à literatura".
"Senti muito ódio enquanto escrevia um livro sobre enfrentamento ao ódio e acredito que as pessoas sentirão isso nas páginas", afirma, em entrevista ao Metrópoles.
Felipe Neto abordou a relação com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em dois capítulos do livro. No entanto, ele não acredita que o político lerá o conteúdo. "Não acredito que ele tenha a capacidade de ler algo que não componha seu viés de confirmação, então duvido muito que ele comente. Elementos do neofascismo não têm por hábito a leitura, exceto daquilo que compõe sua bolha de autoconfirmação".
Mais do que um embate com políticos, o conteúdo de Felipe Neto gera consequências na vida real do influenciador. "Não posso mais sair de casa sem um grupo de seguranças. As ameaças de violência física e de morte são constantes e às vezes se estendem às pessoas ao meu redor", revela.
"Não podemos tolerar intolerantes"
Imerso nos discurssos polarizados da internet, Felipe pontua que é "preciso diferenciar o que é a polarização do debate político e o que é o enfrentamento ao neofascismo brasileiro". O autor defende que é preciso entender que não há uma “extrema-esquerda” e, sim, “um pacto civilizatório de quem ainda possui humanidade".
"Não pode existir qualquer cenário de normalização do neofascismo e é preciso entender que enfrentá-lo não configura ‘polarização’. É preciso eliminar essa visão broxada da falida direita brasileira, que agora busca pelo termo ‘bolsonarismo moderado’ na esperança de voltar a existir. Não existe fascismo moderado", defende o autor.
Para o influenciador, a visão de “extrema-direita, pautada pela inferiorização do papel da mulher e da pessoa negra, da invisibilização de indivíduos LGBTQIA+ e da luta pela destruição da democracia e dos Direitos Humanos” não pode ser tolerada. O criador de conteúdo completa que é necessário um combate contra esta situação.
A extrema direita "corrosiva e virulenta" deve ser eliminada da política brasileira, diz o autor. "Não podemos tolerar os intolerantes", pontua Felipe Neto.
Metrópoles