Quem vencer as eleições presidenciais dos Estados Unidos nesta terça-feira (5) governará uma nação de mais de 330 milhões de pessoas, mas é quase certo que a disputa será decidida por algumas dezenas de milhares de eleitores em apenas sete dos 50 estados.
Ao contrário dos outros estados, neste pequeno grupo, a disputa entre republicanos e democratas está em aberto. A Pensilvânia se destaca como o estado com maior chance de determinar quem será o próximo ou próxima presidente — a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump.
As estratégias dos candidatos refletem essa realidade, com a grande maioria de seus gastos com anúncios e eventos de campanha direcionados a estes locais.
Entenda abaixo por que a corrida presidencial dos EUA será decidida por alguns norte-americanos.
Por que a eleição não é decidida pelo voto popular?
Diferentemente das eleições para outros cargos nos EUA, a disputa presidencial não se baseia apenas no voto popular, mas no sistema conhecido como Colégio Eleitoral.
Nele, o candidato vencedor em cada estado, bem como no Distrito de Colúmbia — onde fica a capital, Washington — recebe os votos aos quais cada estado tem direito dentro do Colégio Eleitoral. Esta quantidade de votos é determinada, de forma geral, com base no tamanho da população estadual.
Para vencer, um candidato precisa ganhar a maioria dos 538 votos do Colégio Eleitoral — ou seja, 270 votos. Isso é possível mesmo quando se perde no voto popular nacional, como aconteceu com Trump quando ele ganhou em 2016.
No caso de um empate de 269 a 269, a Câmara dos Deputados dos EUA escolhe o vencedor, com a delegação de cada estado tendo direito a um único voto — um cenário que, segundo analistas, provavelmente favoreceria o ex-presidente Trump.
Se todos os estados, com exceção dos que variam entre republicanos e democratas, votarem conforme o esperado, a vice-presidente Kamala teria 226 votos no Colégio Eleitoral e Trump, 219, com os 93 restantes em disputa.
Quais estados são considerados decisivos?
São eles Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte.
Por muito tempo, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin apoiaram candidatos democratas. Mas, em 2016, Trump venceu nos três por pouco, impulsionando sua vitória sobre a democrata Hillary Clinton.
Quatro anos depois, Joe Biden ganhou após recuperar o trio para os democratas, além de obter vitórias surpreendentes na Geórgia e no Arizona, dois estados que historicamente votavam nos republicanos.
Quão apertada está a eleição nos EUA?
A disputa está tão apertada quanto possível. Em 16 de outubro, de acordo com um monitor de pesquisas do jornal New York Times, todos os sete estados decisivos estavam praticamente empatados. Trump tinha uma estreita vantagem de dois pontos percentuais no Arizona; nos outros seis, a distância era inferior a um ponto, em média.
A corrida parece ainda mais acirrada do que em 2020. Naquele ano, se apenas 43.000 eleitores em três estados tivessem votado em Trump no lugar de Biden, o republicano ganharia a reeleição.
Por que a Pensilvânia é tão importante?
A resposta mais simples é que a Pensilvânia tem 19 votos no Colégio Eleitoral, mais do que qualquer outro estado-chave, sendo considerada crucial para que um dos candidatos ultrapasse os 269 votos.
Se Kamala perder na Pensilvânia, ela precisará vencer na Carolina do Norte ou na Geórgia — dois estados que votaram nos democratas três vezes nas últimas quatro décadas — para ter alguma chance de vencer.
Por outro lado, se Trump perder na Pensilvânia, ele precisará vencer em Wisconsin ou Michigan, que só votaram em um republicano uma vez desde a década de 1980 — em Trump, há oito anos.
Ambas as campanhas trataram a Pensilvânia como o estado mais importante, com Kamala e Trump passando mais tempo lá do que em qualquer outro.
As campanhas e seus aliados gastaram 279,3 milhões de dólares em publicidade na Pensilvânia até 7 de outubro, mais de 75 milhões de dólares à frente do segundo colocado, o Michigan, de acordo com a empresa de monitoramento AdImpact.
Por que um único distrito em Nebraska está atraindo tanta atenção?
Em 48 estados, os votos para o Colégio Eleitoral seguem a lógica do “o vencedor leva tudo”, mas no Nebraska e no Maine os candidato levam os votos proporcionalmente de acordo com os distritos eleitorais em que vencerem.
Em 2020, Biden obteve um dos cinco votos de Nebraska, enquanto Trump obteve um dos quatro votos do Maine.
O solitário voto eleitoral do 2º Distrito de Nebraska, centrado na cidade de Omaha, é considerado competitivo, embora analistas independentes indiquem a vitória de Kamala. Ambos os partidos gastaram milhões de dólares em anúncios na região.
Esse único voto pode ser crucial. Se Kamala vencer em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin e Trump vencer nos outros quatro estados-chave, o 2º Distrito de Nebraska determinará se a eleição terminará empatada ou se a democrata prevalecerá.
SIte da InfoMoney