Vanilce Alencar, a Vani de Os Normais, e Fátima, de Tapas & Beijos, são duas das tantas personagens que marcaram a carreira de Fernanda Torres.
Vanilce Alencar, a Vani de Os Normais, e Fátima, de Tapas & Beijos, são duas das tantas personagens que marcaram a carreira de Fernanda Torres. E mesmo que tenham ido ao ar em 2001 e 2011, respectivamente, as espirituosas mulheres voltaram a viralizar nos últimos anos, por meio de memes no TikTok e no Instagram, mantendo o talento da filha de Fernanda Montenegro vivo entre os mais jovens, que não teriam idade para saber quer sabem quem foi Vani e/ou Fátima.
Essa popularidade construída por meio de memes e “edits” do TikTok impactaram, de certa forma, omais novo papel da atriz, que vive Eunice Paiva no filme Ainda Estou Aqui. O longa-metragem de Walter Salles, inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, bateu R$ 1,1 milhão em bilheteria um dia após sua estreia nos cinemas nacionais e virou o assunto favorito dos internautas.
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“Os memes me fizeram sobreviver entre as novas gerações, isso eu não tenho dúvida. Amo meme, figurinha, considero uma forma superior de arte. O Ainda Estou Aqui está com salas de cinema lotadas, o que é uma coisa maravilhosa, acredito que pelas próprias qualidades do filme, da história, e também pela boa recepção dele pelo mundo”, opina a atriz em papo com o Metrópoles.
Fernanda ainda diz que, apesar do conteúdo dramático de Ainda Estou Aqui, que mostra um Rio de Janeiro na década de 1970, durante a ditadura militar, os jovens poderão entender o regime fora do padrão “decoreba”.
"Missão cumprida", diz Marcelo Rubens Paiva sobre Ainda Estou Aqui
“Por ser centrado na família Paiva, o filme cria uma enorme empatia com a plateia, não só entre os jovens. Mas creio que os jovens se verão na Veroca, por exemplo, nos cinco filhos de idades tão diferentes, se colocarão no lugar daqueles filhos. E se fosse comigo? É justo um país que tira um pai daqueles de casa e nunca mais devolve? Acho que o filme cria uma possibilidade de entender a ditadura não pela decoreba dos fatos, mas pela identificação com aquela família”, afirma.
Vivendo Eunice Paiva no filme, Fernanda garante que utilizou de diversos artifícios e sentimentos para dar vida a mãe de Marcelo Rubens Paiva nas telas. “É uma mulher muito inteligente, mas nunca frontal, vai pelas beiradas, levou 26 anos para conseguir que o Estado reconhecesse o crime contra seu marido, criou os filhos, se formou em advocacia, advogou pelos direitos humanos, a Eunice é uma mulher inteligente, feminina e obstinada”, opina.
E é com Eunice Paiva – e os sentimentos que criou em torno da personagem – que Fernanda tem chances de concorrer ao Oscar de melhor atriz. Mesmo com a expectativa de internautas de que Torres possa “vingar” sua mãe, que concorreu a estatueta na mesma categoria com o filme Central do Brasil, a atriz não quer criar um sentimento de “derrota” em torno do longa.
“O Oscar é medida de muita coisa. Um filme brasileiro, falado em português, com chances de estar indicado entre os cinco nomeados a filme estrangeiro, não é pouca coisa. O Walter é um diretor brasileiro que dialoga com o cinema mundial, isso não é pouca coisa. Estamos na short list [previsão] de muitos veículos importantes, como possíveis nomeados, eu como atriz, isso não é pouca coisa”, inicia.
“Ganhar o Oscar é outra categoria. É um ano com filmes muito potentes, o Ainda Estou Aqui é analógico, até no lançamento, somos um filme pequeno. Se eu for indicada, é milagre, é um ano muito engarrafado de excelentes atuações. O filme tem grande chance de ser indicado como filme estrangeiro, mas tem as mesmas chances do Emília Perez e do filme iraniano. Eu só tento evitar um certo vai levar, já ganhou, que, no fim, possa criar um sentimento de derrota em torno do filme”, finaliza a atriz.
Dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) apontam que o longa de Walter Salles levou 50.320 pessoas aos cinemas, arrecadando R$ 1,1 milhão apenas na última quinta-feira (7/11).
Ainda na quinta, o filme liderou a lista de produções mais vistas, desbancando Venom 3 – A Última Rodada, Operação Natal e Todo Tempo que Temos. O primeiro levou 35 mil pessoas às salas.
Ainda Estou Aqui se passa no início da década de 1970, quando o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva — Rubens, Eunice e seus cinco filhos — vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos.
Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice — cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas — é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.
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