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JPMorgan rebaixa Brasil ao ver "mais do mesmo" e agora prefere ações do México na AL

O JPMorgan reviu as suas preferências entre as ações dos países da América Latina em relatório de estratégia, elevando o México de neutro para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e diminuindo a exposição do Brasil de overweight para neutra.


O JPMorgan reviu as suas preferências entre as ações dos países da América Latina em relatório de estratégia, elevando o México de neutro para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e diminuindo a exposição do Brasil de overweight para neutra. Emy Shayo e equipe de estrategistas destacaram darem o “benefício da dúvida” para o México, enquanto veem o mais do mesmo para o Brasil.

A equipe destaca que os mercados da América Latina pioraram este ano, com a região sendo de longe a pior entre todas, e o Brasil e o México com quedas respectivas de 22% e 28%, com o real e o peso mexicano em queda de 17%.

Para os estrategistas, embora as avaliações pareçam muito atraentes e o posicionamento leve para ambos os mercados, agora estão mudando a sua preferência para o México com base em três pontos principais, mas também destacando outros pontos: 1) o cenário global favorece o México; 2) o Brasil está aumentando as taxas enquanto o México está cortando os juros; 3) o novo governo do México ainda precisa mostrar a que veio.

Confira abaixo os principais pontos:

  1. dados dos EUA fortes são bons para o México, China mais fraca é ruim para o Brasil. O JPMorgan vê uma desaceleração suave nos EUA (PIB esperado para 2025 é de alta em 2,2% e de 2,8% em 2024) e uma desaceleração maior na China (para alta de 3,9% em 2025 e de 4,8% em 2024).

    “O bom crescimento dos EUA continua a apoiar os consumidores mexicanos por meio de remessas de divisas, ao mesmo tempo em que um peso mais fraco aumenta o poder de compra desses dólares. Além disso, há uma correlação bastante alta entre a produção industrial mexicana e americana”, avaliam os estrategistas. Por outro lado, uma China de crescimento mais lento pode ter impactos no Brasil por meio de preços mais baixos de commodities, ao mesmo tempo em que pode prejudicar os fluxos gerais para emergentes.

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    Um lado positivo, aponta o JPMorgan, é que o impacto potencial no Brasil pode ser mais suave: os economistas do banco apontam que, desde que os EUA começaram a impor tarifas à China, esta desviou suas compras de commodities para o Brasil, considerando que o Brasil e os EUA são grandes produtores de quase as mesmas coisas: soja, milho, carne bovina, entre outros. Além disso, nesta semana, o presidente eleito Donald Trump declarou que imporia uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México até que o fluxo de drogas e a imigração fossem corrigidos. “Embora isso não tenha sido uma surpresa, achamos que o momento não poderia ser melhor, pois remove o elefante na sala [ou seja, um fator de risco] logo no início. Continuamos a ver baixos riscos de um amplo imposto de importação no México”, avalia.

    2. O Brasil está aumentando as taxas, o México está flexibilizando. O aperto no Brasil deve durar pelo menos até o primeiro semestre de 2025 (1S25) e as ações geralmente registraram desempenhos negativos durante os ciclos de aumento, sem que nenhum setor tenha um desempenho positivo. A única exceção é o período entre 2003 e 2005, pois o Brasil estava apertando a política monetária em meio a um superciclo de commodities e políticas do governo Lula naquela época. Na época, as contas fiscais estavam tão em ordem que o governo considerou adotar uma meta orçamentária de 0% do PIB.

    “Acreditamos que o banco central brasileiro deve continuar a aumentar as taxas até maio de 2025, levando-as de 10,5% no início do ciclo para 13%. As taxas reais estão agora perto de 7%”, avalia. No México, espera-se que o banco central continue a cortar os juros em mais 125 pontos-base, levando as taxas para 9% até maio de 2025. Ainda assim, as taxas mexicanas têm um impacto muito menor nos mercados, considerando que o nível de crédito é pequeno, especialmente quando comparado ao Brasil, tanto da perspectiva corporativa quanto do varejo.

    3. O México merece o benefício da dúvida, enquanto há mais do mesmo no Brasil. “Desde que o México se tornou grau de investimento no início dos anos 2000, a política econômica tem funcionado como um relógio, com exceção do último ano da administração AMLO”, avalia a equipe de estrategistas.

    O orçamento da nova presidente Sheinbaum visa reduzir o déficit fiscal de 6% para 3,9% do PIB em 2025. O orçamento talvez seja muito otimista em relação ao crescimento (2,5% versus a projeção do JPMorgan em 1,2%), mas os economistas do banco acreditam que a marca pode ser alcançada se o governo estiver realmente comprometido com isso.

    “Assim, damos ao México o benefício da dúvida, mas monitoraremos de perto os desdobramentos, especialmente no lado da reforma institucional, que continua sendo o principal risco em nossa visão. No Brasil, por outro lado, parece o Dia da Marmota (a dinâmica da dívida em relação ao PIB ainda não saiu do centro do palco). Durante os últimos dois anos, o mercado tem tido surtos de preocupação com o fiscal, então o governo faz algo para apaziguar o cenário até que uma manchete sobre o fiscal apareça novamente e algo mais precise acontecer”, avalia o JPMorgan.

    Para os estrategistas, embora possa haver um esforço para manter o controle sobre as despesas no Brasil, esta é hoje uma proposta muito difícil, considerando a falta de apoio geral no governo para um ajuste no lado dos gastos e por conta da rigidez apresentada pelo próprio orçamento.

    Neste ponto, o banco acha que seria muito ambicioso esperar mudanças estruturais que permitiriam a estabilização da dívida no futuro previsível. Além disso, essas mudanças provavelmente precisam da aprovação do Congresso, algo que acha ser difícil nesta época do ano.

    “E quando algo for aprovado, o esforço provavelmente será diluído. Portanto, a história macro do Brasil é uma que carece de gatilhos de curto prazo, em nossa opinião. No 3T25, o Brasil estará a cerca de um ano da próxima eleição presidencial e o México entrará na revisão do USMCA [acordo de livre comércio entre os Estados Unidos, México e Canadá] com os EUA. Então, a dinâmica de mercado para ambos os países pode mudar”, avalia.

    4. Valuation – o México é relativamente mais barato e com lucros mais estáveis. Os preços parecem bem atrativos para o Brasil e para o México, mas o México negocia a dois desvios-padrão abaixo da média. O banco também considera que o índice mexicano é muito mais defensivo do que o do Brasil, com o maior setor sendo o de bens de consumo básicos (35% do total).

    5. O posicionamento do mercado tem sido muito leve para ambos, mas os tempos tem sido mais difíceis no Brasil. Os ativos locais sob gestão em ações no Brasil atingiram uma baixa histórica, agora em menos de 8,5% do total de ativos sob gestão. Somente em 2024, os fundos de hedge viram mais de R$ 230 bilhões em resgates e o apetite por ações é baixo. Os estrangeiros, que normalmente vêm para o resgate, não fizeram sua parte, retirando mais de R$ 30 bilhões em ações do B3 este ano. No geral, as posições são extremamente leves e o índice pode reagir bruscamente em caso de boas notícias. A mesma história está acontecendo no México. Os estrangeiros retiraram mais de US$ 2 bilhões em ações no acumulado do ano e os fundos de pensão e mútuos recuaram para as mínimas em termos de participações acionárias.

    6. Setor e ações. O banco permanece na defensiva tanto no México quanto no Brasil, considerando que o “céu da América Latina não está azul”, escolhendo assim setores e ações que devem ter lucros resilientes acima de tudo.

    No México, tem exposição maior em consumo básico e tem exposição abaixo da média em serviços de comunicação. No Brasil, tem exposição acima em utilities (empresas de energia e saneamento) como Eletrobras (ELET3;ELET6) e Sabesp (SBSP3), empresas do setor financeiro como Itaú (ITUB4), Porto (PSSA3), Stone (BDR: STOC34) e Nubank (BDR: ROXO34), além de RD (RADL3) e JBS (JBSS3). Ainda tem exposição abaixo em commodities, mas ainda gosta da Suzano (SUZB3).

    Quanto ao resto da América Latina, mantém overweight no Chile, considerando avaliações baratas, o maior crescimento de lucros na América Latina, além de expectativas para um novo ciclo político. Além disso, segue underweight (exposição abaixo) na Colômbia e no Peru, a primeira devido aos preços mais baixos do petróleo e a segunda devido a avaliações apertadas (único país na América Latina sendo negociado acima da média histórica). Também mantém exposição à Argentina por meio do setor de energia, observando que a equipe econômica se tornou muito mais construtiva em relação às perspectivas macroeconômicas após dados recentes sobre inflação, crescimento e equilíbrio fiscal.

    SIte da InfoMoney

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