O anúncio do pacote de corte de gastos do governo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (27) se caracterizou como um “vídeo de campanha” em vez de um anúncio efetivo de medidas econômicas, disse Tony Volpon, analista do CNN Money.
Segundo o especialista, a forma como o pacote foi divulgado passa a impressão de que o governo, fora da equipe econômica, não compreendeu a importância de vender essas medidas como positivas.
Volpon argumentou que estas são essenciais para garantir a redução da inflação e a queda sustentável da taxa de juros nos próximos anos.
“Ao invés de vender isso como um ajuste necessário, especialmente no ambiente externo bastante pior do que se imaginava, fica essa bagunça, esse saco de gastos de medidas”, disse.
Ele expressou preocupação com a falta de clareza sobre quais medidas serão aprovadas pelo Congresso, dada a mistura de propostas populares e impopulares no pacote.
O colunista também apontou uma aparente falta de compromisso com o processo de harmonizar os gastos dentro do arcabouço fiscal recentemente aprovado. Esta postura, segundo ele, envia um sinal preocupante para o Congresso e para aqueles fora do governo.
“Se o próprio PT não está disposto como partido, se o presidente não está disposto a dar sustentação para o arcabouço fiscal, por que eu, que estou fora do governo, ou eu, que estou fora do PT, vou gastar meu capital político aprovando essas medidas, várias delas que são, de fato, impopulares?”, questionou Volpon, destacando o desafio político que o governo enfrentará para aprovar as medidas propostas.
A análise de Volpon sugeriu um cenário complexo para a implementação do pacote fiscal, com potenciais obstáculos tanto na comunicação quanto na articulação política necessária para sua aprovação e efetivação.
CNN Brasil