O período de chuvas no Brasil, de outubro a março, demorou para aparecer no país, mas veio com força em novembro e traz bons ventos para a agricultura brasileira. A avaliação é de Samuel Isaak, especialista em commodities agrícolas da XP.
Segundo o analista, a previsão de chuvas para o começo de dezembro é muito positiva para a agricultura, principalmente para a safra de soja, a maior cultura do País, e também para o milho plantado no verão.
"É ainda positivo para safra de cana-de-açúcar, que sofreu muito com a seca. Quem não lembra em agosto e setembro das queimadas em São Paulo por conta do clima seco", ressaltou ele durante participação no Morning Call da XP, nesta terça (3).
Precificação das commodities agrícolas
O ambiente de mais chuvas tem sido benéfico para o Brasil e também para a vizinha Argentina, o segundo país na América do Sul mais importante em termos de produção agrícola. Ele disse que o país vizinho é "muito relevante para precificação de commodities", principalmente da soja e do milho.
O analista explica que o aumento de área de plantio da soja na Argentina surge em detrimento do milho, que tem previsão de uma safra menor.
"Essas variações vão mexendo com a expectativa do mercado. Mas de forma geral a gente tem uma perspectiva muito positiva para a América do Sul", afirmou. "O clima de dezembro vai ser importantíssimo e vai definir o preço da maior cultura do país, que é a soja, importante para a balança comercial", complementou.
Boi gordo cai de preço
Já o setor de proteína, Samuel Isaak destacou à reversão de preço do boi gordo. "As cotações do boi gordo da B3 tiveram uma escalada enorme. Mas na semana passada, os contratos de dezembro e janeiro apresentaram uma reversão muito forte", disse.
O especialista da XP comentou que "os preços altos acabaram comprimindo a demanda". "O Brasil está em momento de escalada do preço de proteína de carnes bovina, suína e de frango e isso vem aparecendo no IPCA. Essa escalada do preço do bovino veio com a piora de pastagem, no período até setembro, que choveu pouco, com o Brasil exportando volume recorde de carne bovina em outubro e o câmbio se desvalorizando", explicou.
De acordo com o Isaak, esses três aspectos levaram alta expressiva do boi gordo juntamente com o movimento dos pecuaristas de segurar as vendas para pressionar para cima os preços da commodity.
"Quando finalmente veio (o aumento de preço do boi gordo), tivemos uma redução de oferta por parte dos pecuaristas. E ouve então uma reverão de preço porque a margem da indústria vinha sendo muito espremida. Os preços foram repassados, mas começou-se a espremer margem", comentou.
Isso, segundo o analista, fez com que a commodity tivesse seus preços reduzidos para ajustar a oferta com a demanda.
SIte da InfoMoney