O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu no Palácio do Alvorada, na segunda-feira (30), o atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo para a assinatura de seu termo de posse.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu no Palácio do Alvorada, na segunda-feira (30), o atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo para a assinatura de seu termo de posse.
Uma vez publicado o decreto de nomeação, Galípolo poderá assumir a autarquia a partir de quarta-feira, dia 1º de janeiro de 2025.
A passagem de bastão é a primeira sob um BC autônomo. O processo foi turbulento num primeiro momento, com resistências por parte do governo e de sua base, com ataques direcionados ao presidente do órgão no período, Roberto Campos Neto.
Entre idas e vindas, Lula acabou por afirmar que se compromete com a autonomia do BC e que não haverá interferência por parte da presidência no trabalho da autoridade monetária.
A proximidade entre Galípolo e o Executivo – o qual integrou como secretário-executivo do Ministério da Fazenda – foi alvo de questionamento do mercado financeiro. Economistas ouvidos pela CNN, porém, avaliam que este problema parece ter sido superado.
“[A proximidade de Galípolo com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad] pode ser uma coisa boa no sentido que ele pode levar a realidade dos riscos que a economia brasileira vai enfrentar nesse ano em função dessa questão fiscal e pode levar essa realidade ao Planalto”, afirmou Tony Volpon, ex-diretor do BC e colunista do CNN Money.
Volpon avaliou o trabalho visto por parte de Galípolo como “extremamente técnico e de fato bastante positivo”.
Para Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, o discurso mais duro adotado pela autoridade monetária nos últimos meses reforça uma imagem de compromisso com a missão do BC de controlar a inflação por meio do remédio amargo que é a alta dos juros.
“Percebe-se, portanto, um esforço dele para mostrar que vai atuar de forma autônoma e, assim, ganhar credibilidade. Restam, porém, dúvidas de como reagirá se a atividade desacelerar mais do que o esperado”, indagou Goldenstein.
“De qualquer forma, a desancoragem das expectativas não tem como razão principal um eventual temor de um BC mais leniente com Galípolo, e sim uma política fiscal que não é vista como suficiente para estabilizar a relação dívida/PIB ao longo dos próximos anos”, concluiu.
Por conta desse cenário, a única certeza que o estrategista-chefe afirma ter é de que a Selic, a taxa básica de juros do país, chegará num patamar ainda mais elevado em 2025.
Neste ano, os juros encerraram num nível mais elevado do que aquele visto no ínicio de 2024. Após abrir em 11,25% ao ano, as taxas chegaram a recuar num primeiro momento, mas passaram a acelerar até fecharem a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 12,25%.
Em sua decisão, o Copom apontou que a Selic deve chegar até 14,25% em março. A Warren Rena projeta uma Selic de 14,75% ao final do ciclo de endurecimento.
Volpon reforça que o novo presidente do BC assume em um momento complexo, marcado por incertezas fiscais que impactam a política monetária. Quanto às projeções econômicas para 2025, o colunista do CNN Money avaliou que, se houver um encaminhamento fiscal positivo com novas medidas anunciadas no início do ano, o mercado pode reagir bem, possibilitando até mesmo quedas na taxa de juros até o final do ano.
Por outro lado, caso prevaleça um “negacionismo” em relação à necessidade de novas medidas fiscais, o mercado deve reagir com mal humor, podendo resultar em novos picos do dólar ao longo do ano.
“Então é um cenário meio binário, vai depender da atitude. Aqui no final do dia, quem está tomando essas decisões é o presidente da República”, concluiu Volpon.
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