O filme Emilia Pérez, dirigido pelo cineasta francês Jacques Audiard, foi um dos grandes destaques da cerimônia do Globo de Ouro nesse domingo (5/1).
O filme Emilia Pérez, dirigido pelo cineasta francês Jacques Audiard, foi um dos grandes destaques da cerimônia do Globo de Ouro nesse domingo (5/1). O longa-metragem, protagonizado por Karla Sofía Gascón, Zoë Saldaña, Selena Gomez, Édgar Ramírez e mais, levou quatro prêmios dos 10 que disputava, inclusive o de Melhor Filme em Língua Não Inglesa.
Emilia Pérez conquistou o “ranço” dos brasileiros após desbancar Ainda Estou Aqui na categoria que destaca produções não americanas. Além disso, o longa levou para casa as categorias de Melhor Filme (Musical ou Comédia); Melhor Atriz Coadjuvante de Filme; e Melhor Canção Original em Filme.
Mas mesmo com todo o destaque no universo das premiações, considerando que o longa é um dos favoritos no Oscar 2025, a produção vem gerando polêmica pela forma como Audiard abordou o enredo do musical, inspirado em um capítulo do romance Écoute de Boris Razon, de 2018.
Emilia Pérez acompanha Rita Mora Castro (Zoë Saldaña), que trabalha em um escritório de advocacia mais interessado em lavar dinheiro do que em servir a lei. Ela recebe a tarefa de ajudar um líder fugitivo do cartel mexicano a se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual para escapar das autoridades e afirmar seu gênero.
A primeira polêmica em torno do longa começou exatamente por seu elenco e sua nacionalidade. Concorrendo em categorias de filme internacional como representante da França — nacionalidade do diretor do filme —, a produção é falada em espanhol e inglês e se passa principalmente no México.
Vale destacar que boa parte do núcleo principal do longa é nascido nos Estados Unidos. Com exceção de Karla Sofía Gascón (foto em destaque), natural na Espanha, Zoë Saldaña e Selena Gomez são americanas. A primeira é de Nova Jersey, enquanto a segunda nasceu no Texas.
O filme também é acusado de não dar devida atenção aos detalhes e a cultura mexicana, além de estereotipar mulheres transexuais. Questionado pela imprensa mexicana sobre o que estudou do país para incluir no longa, Audiard falou:
“Não estudei tanto. Eu meio que já sabia o que tinha que entender. Foram mais como detalhes e viemos aqui no México para ver atores, para ver lugares e decorações.”
Vale lembrar que, segundo a Variety, o filme não foi gravado no México. Foi construído um “cenário mexicano autêntico” na França para melhor “liberdade criativa” de Audiard.
O tema ganhou repercussão e gerou críticas de atores, diretores e críticos mexicanos. O ator mexicano Eugenio Derbez, por exemplo, ponderou sobre a atuação de Selena Gomez, além de alegar que o diretor do filme não domina a cultura e as duas línguas faladas no longa.
“É como se eu quisesse fazer um filme em russo sem saber sobre a cultura da Rússia e falando em francês", apontou ao podcast Hablando de Cine.
No X, antigo Twitter, mexicanos se unem ao Brasil contra o longa. “Mexicanos, nossos aliados mais poderosos em nossa campanha contra este ‘filme’ são nossos irmãos brasileiros”, disse uma internauta. O ator Miguel Araiza também comentou: “Haters de Emilia Pérez, nós ganhamos poderosos aliados: os brasileiros”.
Emilia Pérez também gerou revolta em defensores da causa LGBT. A Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (Aliança Gay e Lésbica contra Difamação, em tradução livre) emitiu nota de repúdio contra o longa e disse que o filme não representa as pessoas transexuais.
“Embora o filme tenha recebido ótimas críticas quando estreou em Cannes no início deste ano, nenhuma dessas críticas foi escrita por pessoas trans”, critica a organização. “Esses críticos não entendem como representações inautênticas de pessoas trans são ofensivas e até perigosas”, completa.
Emilia Pérez é um passo para trás na representação trans.
GLAAD
Emilia Pérez estreia nos cinemas brasileiros em 6 de fevereiro.
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