Efetivamente, nada mudaria na vida do contribuinte.
Efetivamente, nada mudaria na vida do contribuinte. Ainda assim, regras de fiscalização da Receita Federal que passariam a vigorar neste ano entraram no radar do interesse público.
O Fisco iria ampliar o seu monitoramento sobre determinadas transações financeiras. Instituições como operadoras de cartão, instituições de pagamento – plataformas e aplicativos – bancos virtuais e, inclusive, varejistas de grande porte que ofereçam programas de pagamento passariam a ter de prestar contas com o leão.
Porém, nesta quarta-feira (15), a Receita informou que o ato referente às novas regras será revogado. A decisão foi tomada por conta da forte repercussão de notícias falsas sobre o assunto.
"Vamos revogar ato da Receita que mudou valores para monitoramento de movimentações financeiras. Pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal prejudicando milhões de pessoas, causando pânico principalmente na população mais humilde", afirmou Robinson Barreirinhas, secretário responsável pelo Fisco.
Bancos e cooperativas de crédito, por exemplo, já informavam sobre as movimentações financeiras de seus clientes. Os valores observados eram de R$ 2 mil mensais para pessoas físicas e de R$ 6 mil para pessoas jurídicas, as empresas.
Caso as novas regras seguissem em vigor, outras instituições – como as citadas anteriormente – teriam de enviar ao fisco dados sobre os responsáveis por:
O ato da Receita previa que as empresas deveriam enviar as seguintes informações:
Para não ferir o direito ao sigilo bancário do contribuinte, o Fisco não iria saber de informações como a origem ou o destino da transferência.
Com a ampla circulação do assunto, notícias enganosas começaram a ser confundidas com os fatos. A principal delas era de que supostamente a nova regra iria implicar em uma nova taxação às transferências realizadas via Pix.
Segundo o Fisco, criminosos se aproveitaram dessas notícias falsas para realizar cobranças indevidas, utilizando da imagem do órgão.
Não só a Receita, como figuras públicas – o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – tiveram de se pronunciar para rebater as informações falsas e reafirmar que o Pix não seria taxado.
Nesta quarta, porém, Barreirinhas comentou sobre uma "continuidade do dano", apesar dos esforços. Um levantamento realizado pela Bites aponta que postagens feitas por membros da oposição sobre o assunto geraram 20 vezes mais engajamento que as feitas pelos governistas.
Somente uma publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi visualizada mais de 200 milhões de vezes. A CNN apurou que a repercussão do vídeo de Ferreira permeou as conversas sobre o impacto negativo da medida da Receita.
"A revogação se deu por dois motivos. Um deles é tirar isso que virou uma arma na mão desses criminosos. A segunda razão é não prejudicar o debate e a tramitação do ato que vai ser anunciado pelos ministros", pontuou o secretário da Receita.
Em paralelo à revogação, o ministro Haddad anunciou que o governo vai editar uma Medida Provisória (MP) para reforçar a gratuidade do Pix, bem como o sigilo bancário garantido pela ferramenta.
"Queremos que essa Medida Provisória seja discutida com sobriedade pelo Congresso Nacional. Não queremos contaminação de fake news pra discutir o que está na lei”, disse o chefe da equipe econômica, durante a coletiva na qual foi anunciado o fim do ato da Receita.
“Mas, inventar protesto para querer manipular mais uma vez, manipular a opinião pública e deixar, enquanto tramita a MP, uma dúvida no ar, nos não queremos nada disso", pontuou Haddad.
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