O ano de 2024 foi marcante para a indústria de animações. Sucesso de bilheteria e crítica, as produções do gênero têm conquistado um espaço cada vez maior, competindo diretamente com grandes blockbusters em live-action — o que pode levar o mercado a se tornar ainda mais receptivo a investimentos em projetos nacionais.
Segundo levantamento do Hollywood Reporter, três das cinco maiores bilheterias de 2024 foram de animações, incluindo a líder do ano, Divertida Mente 2. Os outros dois grandes sucessos do gênero foram Meu Malvado Favorito 4 (3º lugar) e Moana 2 (4ª posição). Essa é a primeira vez na história moderna que três animações figuram entre os cinco filmes de maior arrecadação no ano.
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Apesar do receio no mercado cinematográfico de que o impacto da pandemia de Covid-19 afastasse de vez as famílias das salas de cinema, 2024 mostrou que esse público ainda se interessa pelo formato e que as animações seguem como um dos produtos mais populares da indústria, assim como as sequências de grandes sucessos. Além das três animações mais bem-sucedidas, os outros filmes no topo das bilheteiras também são continuações: Deadpool e Wolverine (2º lugar) e Duna: Parte 2 (5º lugar).
5 imagensO que isso significa para o Brasil?
Segundo especialistas brasileiros, o cenário promissor das animações nos Estados Unidos pode ser um bom sinal para as produções nacionais, que também tiveram um ano positivo em 2024. No entanto, ainda é necessário um forte investimento no setor para que o mercado local ganhe mais espaço.
Entre os destaques do ano, Arca de Noé, inspirado nas obras de Vinícius de Moraes, se destacou como a maior produção de animação brasileira. O filme contou com um elenco de peso na dublagem, incluindo Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga e Lázaro Ramos.
Para Alois di Leo, que co-dirigiu o longa ao lado de Sérgio Machado, 2025 pode consolidar de vez o espaço da animação brasileira no mercado.
“Tenho muita expectativa de ver projetos cada vez mais diversificados e autorais ganhando vida, com narrativas que dialoguem com o público daqui e lá fora. Acho que 2025 pode ser um ano de expansão, tanto em termos de recursos quanto de reconhecimento, e estou animado para fazer parte disso”, afirmou o cineasta em entrevista ao Metrópoles.
Outro grande destaque brasileiro no mundo das animações foi o longa Abá e Sua Banda, que se destacou no circuito de festivais em várias cidades brasileiras e já tem prevista uma sequência, que ainda está em produção, segundo o diretor Humberto Avelar.
Para ele, o bom desempenho de filmes animados no exterior influenciam as produções no mundo inteiro, mas ainda não se mostrou suficiente para alavancar a produção brasileira nos cinemas. Ele avalia que é preciso aumentar os incentivos e parcerias, uma vez que essas produções são trabalhosas e requerem uma equipe especializada.
"Nossos estúdios e produtoras gostam muito de animação. Acredito que todos adorariam embarcar em seus próprios projetos animados. De qualquer forma, é preciso maiores incentivos financeiros e normas de proteção ao conteúdo nacional. Quanto mais produzimos, melhor ficamos e, consequentemente, mais público e retorno serão alcançados", destaca o diretor.
Humberto ressalta ainda que as animações brasileiras já são bem recebidas pelo público e vêm se consolidando como um forte potencial comercial e de comunicação, especialmente em conteúdos para TV e streaming.
"As animações brasileiras para TV agora estão presentes em diversos canais abertos, pagos, plataformas de streaming e estão conseguindo licenciar seus personagens e marcas. Sendo assim, já temos muitos produtos bem sucedidos. É preciso apenas fomentar essa produção", frisa.
Metrópoles