Na última sexta-feira (31), o Banco Central (BC) anunciou um rombo recorde de quase R$ 7 bilhões nas estatais da União.
Na última sexta-feira (31), o Banco Central (BC) anunciou um rombo recorde de quase R$ 7 bilhões nas estatais da União. Como resposta, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do governo Lula (PT), Esther Dweck, lançou o mais novo exercício de ginástica argumentativa, afirmando que esse déficit não é um rombo.
Foto: Esther Dweck é economista formada e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (créditos:: Valter Campanato/Agência Brasil).
A fala ignora o fato evidente de que as finanças públicas estão em péssimas condições e em uma decadência jamais antes vista. Como contraponto a nova "gafe" do governo, surgiu uma enxurrada de memes ironizando a fala da ministra.
Segundo os dados do BC, as estatais federais tiveram um rombo de R$ 6,7 bilhões. Esse foi o pior resultado de toda a série histórica, iniciada em 2001. O déficit mais próximo disso foi de cerca de 2 bilhões, em 2014, durante o governo Dilma (PT).
Algumas grandes empresas ficaram de fora do cálculo, como Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Considerando o déficit das estatais estaduais e municipais, o rombo sobe para R$ 8,07 bilhões, também o pior desde 2001.
Durante a coletiva de imprensa na semana passada, a ministra disse que o déficit não poderia ser considerado rombo, porque o cálculo do BC leva em conta apenas receitas e despesas.
"Não chamem de rombo. A gente já explicou isso, é bom lembrar. Hoje, o que foi divulgado pelo Banco Central é o resultado fiscal das empresas, que pensa só as receitas e as despesas do ano. Como eu já expliquei várias vezes, muitas despesas são com dinheiro que estava em caixa e, portanto, ele acaba gerando resultado deficitário ainda que as empresas tenham lucro", disse Dwerck.
Essas despesas incluem "investimentos" feitos com recursos em caixa, o que a ministra indica que seriam positivos.
"O Tesouro não vai arcar com isso. Não é um rombo. É um resultado pelo fato dessas empresas estarem gastando dinheiro que está em caixa, terem aumentado os investimentos", afirmou.
A questão é que esses costumam ser péssimos investimentos, como já vimos em gestões petistas anteriores. Além de déficit, em breve também teremos prejuízo, fazendo com que o Tesouro tenha que socorrer as estatais
E, se não socorrer, ele deixa de receber dividendos ou lucro dessas empresas, o que retira recursos dos cofres públicos da mesma forma.
O Brasil já sofreu com resultados similares por conta de políticas do governo Dilma, que levou várias estatais a quebrar com dívidas bilionárias, por conta de má gestão, maus investimentos e uso político dos fundos de pensão.
O governo Lula está repetindo a mesma fórmula de fracasso. E isso foi possibilitado, em parte, pela revogação, no começo de 2023, da Lei das Estatais, que buscava blindar as empresas de interferência política.
A economista e advogada, Elena Landau, questionou o pronunciamento da ministra em entrevista à Veja. "O problema é que 8 bilhões de reais já são um problema grave. Quem disse que são investimentos que vão gerar benefício para a sociedade?", apontou.
Outro economista ligado a uma gestora de recursos disse, em condição de anonimato, que "rombo" é apenas um termo informal para déficit e que cabe para a situação atual das estatais.
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