Anora saiu do Oscar com cinco prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz para Mikey Madison.
Anora saiu do Oscar com cinco prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz para Mikey Madison. Enquanto a produção crescia nos principais prêmios da temporada, como o SAG Awards, Madison acumulava indicações aos eventos mais prestigiados do cinema e venceu o BAFTA. No entanto, o favoritismo na categoria de Melhor Atriz parecia dividido entre Fernanda Torres, que levou o Globo de Ouro, e Demi Moore, que venceu o SAG.
A vitória nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz do Oscar gerou debates acalorados, especialmente nas redes sociais, onde muitos questionaram os critérios da Academia. Se a consagração de Anora como Melhor Filme já dividia opiniões, o prêmio de Melhor Atriz para Madison deixou muita gente sem entender o que aconteceu.
Fernanda Torres e Walter Salles durante a 97ª edic?a?o do Oscar realizada no Dolby Theatre 2025 em Hollywood, California
Michael Buckner/Penske Media via Getty ImagesA atriz brasileira Fernanda Torres
Gregg DeGuire/Penske Media via Getty ImagesCerimônia do Oscar
Myung J. Chun / Los Angeles Times via Getty ImagesCobiçadas estatuetas
John Shearer/97th Oscars/The Academy via Getty ImagesPara a crítica de cinema Isabella Faria, o BAFTA é um dos principais indicativos do Oscar e, por si só, já colocava Mikey Madison como uma das principais concorrentes de Fernanda Torres.
“Anora não ganha Melhor Filme, mas ganha Melhor Atriz. Significa que ela caiu nas graças dos votantes”, afirmou. Ela explicou que muitos dos votantes do BAFTA também integram a Academia, o que pode ter favorecido Madison.
Segundo Isabella, Madison estava melhor do que Demi Moore, mas no caso de Fernanda Torres, havia outra barreira: “o do prêmio ser americano, ainda muito fechado e pelo fato da atriz ser brasileira, latina e em um filme falado em português.”
Já a crítica Rose May relembrou que, embora Mikey Madison tenha sido elogiada pela atuação, sua vitória sobre Demi Moore levanta outra discussão: o etarismo na indústria.
“Hollywood frequentemente privilegia atrizes mais jovens, o que pode ter influenciado a decisão da Academia”, declarou. Ela também apontou que a composição do júri, predominantemente masculino e com pouca representatividade LGBTQIAP+, pode ter sido um fator relevante na escolha.
“A percepção de Hollywood como ‘moderninha’ ao aclamar cineastas independentes, mas que se encaixam no perfil tradicional de poder, reflete uma tentativa de aparentar progressismo, sem desafiar profundamente as estruturas estabelecidas. Essa dinâmica, mais uma vez, marginaliza vozes e histórias que confrontam ou questionam o status quo da indústria cinematográfica americana.”
Madison, de 25 anos, concorria contra uma mulher latina (Fernanda Torres), uma atriz negra (Cynthia Erivo), uma veterana de 60+ (Demi Moore) e uma atriz trans (Karla Sofía Gascón).
O filme venceu cinco Oscars, sendo Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor
DivulgaçãoAnora venceu o Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2024
DivulgaçãoO longa protagonizado por Mikey Madison promete fazer sucesso no Oscar
ReproduçãoAnora é um filme de Sean Baker
Festival de Cannes/DivulgaçãoMikey Madison é estrela do filme Anora
ReproduçãoAnora
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ReproduçãoRose May também analisou a vitória de Anora, ressaltando que a Academia tem demonstrado uma “tendência em reconhecer artistas independentes americanos, especialmente aqueles que trazem uma perspectiva ‘moderna’ ao cinema”.
“Baker, sendo um homem branco, cisgênero e bem relacionado na indústria, pode ter se beneficiado desse contexto, alinhando-se com a imagem que Hollywood busca projetar de si mesma como inclusiva e progressista”, comentou Rose May.
Já Isabella destacou a trajetória de Baker no audiovisual e a forma como Anora dialoga com a sociedade americana atual, principalmente no contexto do governo Trump.
“A carreira dele toda é focada em pessoas marginalizadas, em pessoas com menos condições nas camadas mais baixas mesmo, menos desfavorecidas. E ele traz com muita sensibilidade à história dessas pessoas, desses trabalhadores, desses marginalizados.”
Isabella Faria
Para ela, a vitória do filme tem um peso social e político para a Academia. “Dizer ‘olha, o cinema americano ainda resiste apesar de tantas ideias reacionárias do nosso governo, principalmente o cinema independente americano, que é da onde vem a ousadia, da onde vêm pessoas visionárias à frente de projetos’.”
Com relação a Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres, as especialistas concordam que as chances eram mais baixas por se tratar de uma produção brasileira, falada em português, com uma atriz brasileira.
“A postura assertiva e crítica de Fernanda Torres em relação à política americana pode ter sido vista como controversa por alguns membros votantes, afetando negativamente suas chances”, apontou Rose May.
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