Por que euro atingiu a maior cotação em quatro meses - e o que esperar para a moeda?

O euro ganhou força durante o dia e atingiu o maior pico dos últimos quatro meses nesta quarta-feira (5). A moeda fechou com alta de 1,28% em relação ao real, a R$ 6,211, no mesmo dia em que o dólar caiu quase 3%, também em comparação com o real, a R$ 5,755. O que aconteceu com a moeda europeia e o que esperar nas próximas semanas?

Leia também

Bolsas da Europa fecham em alta com liderança de Frankfurt; Londres destoa

Na Alemanha, a aliança conservadora, que venceu a eleição parlamentar, anunciou que buscará afrouxar as regras de endividamento

O euro reagiu positivamente nesta tarde a uma série de fatores, mesmo em um dia marcado por tensões comerciais globais. O euro (EUR=EBS) teve alta de quase 3,7% esta semana, já no caminho para sua melhor semana desde novembro de 2022, subindo após um anúncio na terça-feira (4) dos partidos que esperam formar o próximo governo da Alemanha sobre um novo fundo planejado e uma revisão das regras de empréstimo.

A animação parte da proposta da Alemanha de um fundo de infraestrutura de 500 bilhões de euros (cerca de US$ 531 bilhões).

"Ao lançar um fundo de investimento de 500 bilhões de euros e trabalhar para reformar o freio da dívida excessivamente restritivo do país, os líderes alemães estão tomando medidas que podem revigorar o crescimento no núcleo do projeto do euro, ajudar a reverter um longo declínio na infraestrutura econômica subjacente e estabelecer um forte baluarte contra a expansão da Rússia para o ocidente", disse Karl Schamotta, estrategista-chefe de mercado da Corpay.

Mudança fiscal alemã

Além disso, a Alemanha viu seus títulos registrarem o pior desempenho desde os meses seguintes à queda do Muro de Berlim. O rendimento dos títulos alemães de 10 anos teve o maior salto desde março de 1990, subindo 30 pontos-base, após Friedrich Merz, futuro chanceler, apresentar uma ampla proposta de reformulação fiscal na noite de terça-feira. A última vez que os rendimentos dos títulos de referência subiram tanto, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental estavam prestes a se reunificar, com o fim da Guerra Fria.

"A grande mudança que vimos na política fiscal alemã está proporcionando um tipo significativo de vento a favor para que o euro se fortaleça ainda mais no curto prazo", disse Lee Hardman, analista sênior de moedas do MUFG.

"Certamente, o mercado está precificando agora uma perspectiva mais positiva para a economia da Europa daqui para frente, com o estímulo fiscal provavelmente dando mais apoio ao crescimento nos próximos anos", disse.

Hardman, no entanto, advertiu sobre os riscos das ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que o início de abril será um "ponto crucial" para a economia da Europa.

Além disso, espera-se que o Banco Central Europeu reduza a taxa de juros nesta quinta-feira (6), com mais medidas a seguir, uma vez que tenta sustentar o fraco crescimento econômico.

Decisões de Trump

O continente também reage à entrada em vigor das tarifas de 25% prometidas por Donald Trump sobre o Canadá e o México nesta terça-feira (4), após o plano do presidente dos Estados Unidos ter sido interrompido por um mês.

Também começou a valer a cobrança adicional de 10% sobre os produtos da China – agora, ela chega a 20%.

Outras decisões de Trump também ecoaram no mercado de ações da Europa, com altas consecutivas nas bolsas por lá.

Nos últimos dias, líderes europeus têm verbalizado a necessidade de aumentos nos investimentos em defesa, especialmente após o presidente dos Estados Unidos ordenar a suspensão do envio de ajuda militar à Ucrânia. A decisão vem após um bate-boca acalorado em plena Casa Branca entre o líder norte-americano e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na semana passada.

(com Reuters e Bloomberg)