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Dia Internacional da Mulher

Dia da Mulher: Como freio em política de diversidade pode afetar carreira de mulheres

A volta de Donald Trump à Casa Branca trouxe consigo uma ameaça sobre a continuidade das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), bem como da agenda ambiental, social e de governança (ESG).


A volta de Donald Trump à Casa Branca trouxe consigo uma ameaça sobre a continuidade das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), bem como da agenda ambiental, social e de governança (ESG). Gigantes americanas como Amazon, Meta e Citigroup anunciaram a redução ou o fim de suas iniciativas de DEI — e o temor é de que tais ações ultrapassem fronteiras, chegando ao Brasil.

Para as mulheres, essa é mais uma dose de insegurança num cenário que sempre foi desafiador. Dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de participação feminina na força de trabalho foi de 53,3%, enquanto a dos homens chegou a 73,2%. A desigualdade também se refletiu nos cargos de liderança, com os homens ocupando 60,7% dessas posições.

Estudo recente do Bank of America Institute destacou que a redução da desigualdade de gênero no mercado de trabalho poderia gerar um impacto significativo na economia global. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a equidade salarial e empregatícia poderia adicionar até 20% ao PIB per capita.

Retroceder não é opção

A coordenadora de Recursos Humanos e Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) da Eccon Soluções Ambientais, Daniele Caetano, pontua que a resistência às políticas de diversidade é uma narrativa que não encontra respaldo nos dados. “A diversidade de gênero e étnica nas lideranças aumenta em até 39% a probabilidade de uma empresa ter um desempenho financeiro superior, segundo um estudo da McKinsey”, aponta. 

Para ela, importar essa discussão vem de um incentivo que parte de uma liderança externa, com influência global, mas que reflete a herança de colonização do nosso país. "Se queremos ser uma empresa brasileira protagonista, não podemos nos render a uma lógica colonial importada."

Daniele Caetano, Coordenadora de Recursos Humanos e Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) da Eccon. (Foto: Divulgação/Eccon)

Na Eccon, por exemplo, o quadro de funcionários é composto por 60% de mulheres, estando elas em 75% das posições de liderança. Em relação à raça, 38% são pessoas negras. Segundo Caetano, retroceder nesse debate não é uma opção. 

"Precisamos firmar posição. A diversidade não pode ser vista apenas como um discurso. Como mulher negra, não há como seguir se não for em frente."

— Daniele Caetano, coordenadora de Recursos Humanos e Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) da Eccon Soluções Ambientais

Empresas brasileiras ganham com diversidade

Apesar da tendência mundial, por aqui as principais empresas de capital aberto se destacam justamente por manterem essas políticas. Um levantamento do InfoMoney apontou que Natura (NTCO3) e Banco do Brasil (BBAS3) vem atraindo capital por suas práticas responsáveis e inclusivas, o que demonstra a valorização do compromisso com a diversidade e a governança corporativa.

Para a vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3, Ana Buchaim, a agenda ESG é um “caminho sem volta” no mercado financeiro brasileiro. Nesta entrevista ao InfoMoney, a executiva frisa que investidores estão cada vez mais exigentes com relação às práticas empresariais, tornando a inclusão uma vantagem competitiva inegável. 

Inclusive, a própria Bolsa de Valores brasileira tem seguido essa tendência. Atualmente, a participação feminina em cargos de liderança chegou a 31% e a B3 segue implementando programas de DEI para ampliar essa presença.

"Nossos gestores têm entre suas metas a de ampliar o nível de representatividade dentro das equipes, com impacto na sua remuneração variável. Também adotamos o modelo do currículo oculto nos processos seletivos, para evitar vieses."

— Ana Buchaim, vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3

Visibilidade às políticas de inclusão

Segundo Josiane Serrano, gerente de Atendimento Corporativo do Senac São Paulo, que trabalha em projetos voltados à diversidade, equidade e inclusão, quando uma empresa deixa de investir na área, perde a oportunidade de se tornar um ambiente mais inovador. Além disso, mulheres e outros grupos vulneráveis se tornam ainda mais invisibilizadas e marginalizadas.

Josiane Serrano, Gerente da área de Atendimento Corporativo do Senac São Paulo. (Foto: Divulgação/Senac)

"Quando uma mulher deixa de ter acesso ao mercado de trabalho, menos dinheiro circula, menos consumo acontece e toda a sociedade perde."

— Josiane Serrano, gerente de Atendimento Corporativo do Senac São Paulo

Segundo ela, é necessário dar visibilidade ao tema a fim de evitar que essas práticas sejam abandonadas. No Senac, o quadro de funcionários é composto por 55% de mulheres, sendo que elas respondem por 50% dos cargos de liderança. 

"Temos também parcerias com entes privados e públicos, desenvolvendo projetos conhecidos como 'carretas-escola', que percorrem diferentes regiões levando cursos profissionalizantes em áreas como gastronomia, tecnologia e gestão", explica. 

O projeto, em parceria com a Secretaria de Políticas para Mulheres do estado, além da qualificação técnica, oferece às participantes suporte psicológico, capacitação e mentoria, a fim de facilitar a inserção no mercado de trabalho. Atualmente, 471 mulheres em situação de vulnerabilidade social são atendidas pelo programa.

SIte da InfoMoney

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