“Irônico”. É assim que MC Negão Original define sua trajetória de vida, que passou pelo crime, pela igreja e pelo funk. O cantor acredita ter se destacado em cada uma dessas fases e, hoje, colhe os frutos de sua carreira musical. Seu álbum A Nata de Tudo – A Ovelha Negra alcançou o topo do Top Álbuns – Debut Global do Spotify.
Apesar de não frequentar a igreja, ele se considera “muito espiritual” e admite que, no início, teve dificuldades para conciliar sua fé com a música, mas aprendeu a lidar com essa dualidade.
Em entrevista ao Metrópoles, MC Negão Original relembrou cada uma dessas etapas de sua vida. “Entrei para o crime por falta de opção. Houve um momento em que precisei escolher entre estudar ou ajudar minha mãe. E, naquela época, a única alternativa viável para mim era essa”, contou.
A virada veio quando ele teve uma experiência marcante com a fé e percebeu que estava se afundando. “Não em questão de droga, mas de hierarquia mesmo. E foi aí que decidi seguir um caminho melhor”, revelou.
5 imagensMC Negão Original é um cantor que teve uma trajetória no crime
Reprodução/InstagramNa igreja
Reprodução/Instagrame hoje desponta com um dos nomes do funk
Reprodução/InstagramEle descreveu a sua trajetória de vida ao Metrópoles
Reprodução/InstagramO seu álbum A Nata de Tudo - A Ovelha Negra chegou ao Top Albuns - Debut Global do Spotify
Reprodução/InstagramO funk surgiu como um caminho natural para MC Negão Original ainda na escola, onde sua habilidade com a escrita já se destacava. No entanto, até conquistar o topo do Spotify Global, ele enfrentou diversas tentativas frustradas e escolhas que o levaram por trajetórias equivocadas.
“Meus empresários me perguntaram: ‘Quanto você precisa para sair do crime?’. Eu pedi uma ajuda de custo, que era para ajudar minha mãe, no valor de R$ 400. Foi assim que ingressei e comecei minha carreira no funk”, revelou o cantor.
Em uma publicação no Instagram, ele compartilhou imagens de diferentes fases de sua vida e refletiu: “Na igreja. No crime. No funk. Em tudo eu tive sucesso! Quando nasce para ser, você simplesmente é”.
A conexão entre o funk proibidão e a espiritualidade pode parecer inusitada para muitos. Questionado sobre o tema, MC Negão Original esclareceu que sua fé vai além de rótulos religiosos. “Eu não tenho igreja, não sigo nenhuma. Minha relação é muito mais espiritual”, afirmou.
A vida atrás da arte
Apesar das polêmicas, MC Negão Original afirma que não se encaixa em personagens e que sua verdade está acima das críticas.
“A verdade é uma só. Quem se perde nessa fita de personagem e vida real é tolo, né? Só tolo mesmo. Eu sou um cara família, respeito minha família, respeito as mulheres da minha família, respeito meu filho. Minhas letras fazem parte do mercado, vendem. Assim como tem artistas que fazem pior em novela, Carnaval, tudo isso”, argumentou.
Alcançar o topo do Spotify Global e ver sua música atingir milhões de pessoas levou MC Negão Original a refletir sobre o mercado musical. Para ele, o sucesso não depende apenas do talento ou do conteúdo das letras, mas daquilo que o público consome e das tendências que o mercado impulsiona.
“Eu acho bizarro, porque quando eu cantava consciente, ninguém me jogou no Top 1, tá ligado? Então, quem decide isso são os consumidores, é o mercado. Ele dita o que vai fazer sucesso, e foi esse mesmo mercado que me colocou lá”, destacou o funkeiro.
Mesmo com as contradições da indústria, o funkeiro encara sua trajetória com gratidão. “Sou grato a Deus. O Senhor me castigou muito, mas não me entregou à morte. Estar aqui hoje é por causa Dele e da missão que Ele tem para mim”, declarou.
No álbum A Nata de Tudo – Ovelha Negra, MC Negão Original traduz sua vivência em 12 faixas. Segundo ele, transformar suas experiências em música foi um processo natural. “Nada forçado, fluiu. Foi fácil converter tudo para o ‘stream'”, finalizou.
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