Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (8), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, mencionou dificuldades para realizar uma cobertura vacinal completa dos indígenas Yanomami, em Roraima, e confirmou metas de um plano elaborado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei), ao qual a Agência Pública teve acesso.
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (8), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, mencionou dificuldades para realizar uma cobertura vacinal completa dos indígenas Yanomami, em Roraima, e confirmou metas de um plano elaborado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei), ao qual a Agência Pública teve acesso.
O plano cita 32 "resultados esperados" até 2027, entre os quais "alcançar 70% das crianças indígenas menores de 1 ano com esquema vacinal completo". O documento traz também como meta "reduzir em 30%, até 2027, a taxa de mortalidade infantil indígena por causas evitáveis" no território Yanomami.
A Pública indagou à ministra se os números estavam corretos, se ela concordava com tais metas e por que a cobertura vacinal não seria maior. Segundo Trindade, os valores dependem das vacinas em curso.
"Por exemplo, [quando se] fala em HPV, a cobertura esperada é de 80%. Aí entram fatores de transmissão, do coletivo, além da proteção individual. No caso da população indígena Eu iniciei, inclusive, no ano passado, a vacinação indígena no território Yanomami e farei o mesmo, nessa semana, no Oiapoque, onde começaremos também a vacinação indígena. É uma vacinação que tem suas características, o atingimento, dependendo das situações de isolamento das aldeias, ele passa com dificuldades, comparados com a população que não vive nas mesmas condições, então, a meta 70%, ela permite uma proteção máxima possível, considerando todos esses fatores."
A respeito da meta da redução da mortalidade infantil, Trindade disse que ela é "exequível" e que o ministério passará a contar com um novo medicamento no tratamento da malária. Para atingir a meta, disse a ministra, "é muito importante lembrar que uma das causas importantes, além de desnutrição, tem sido a malária".
"No território Yanomami, houve um aumento da malária [ ] ligado à própria existência do garimpo ilegal, por uma razão, que é o acúmulo de água em regiões que ficam como verdadeiras crateras. Isso leva a uma maior proliferação de mosquitos, fruto dessa ação de desmatamento."
A ministra da Saúde disse ainda que o ministério começou a introduzir no território Yanomami "um novo medicamento para malária recomendado pelos principais especialistas com forte interação com o Ministério da Saúde, com aprovação na nossa comissão que incorpora as tecnologias". O anúncio foi feito pelo ministério no ano passado.
O medicamento, denominado tafenoquina, deve ser aplicado em dose única, característica que, segundo a ministra, será de grande utilidade no território Yanomami, porque um problema recorrente é a desistência no caso dos medicamentos que necessitam de uma segunda dose de reforço.
"A crise sanitária atual resulta tanto da atuação do garimpo, que foi permitido, porque é um garimpo ilegal, então houve um descaso, para dizer o mínimo, em relação a essa situação, e, além disso, a desassistência, porque não estava ocorrendo a atenção à saúde Yanomami naquele território. E a questão da segurança, em parte, é um fator muito responsável por isso, uma vez que muitas unidades básicas de saúde no território Yanomami, polos de saúde indígena, encontravam-se fechadas por falta de condições de financiamento. Então, o problema era de uma grandeza muito grande."
A respeito dos recursos do Ministério da Saúde necessários para o enfrentamento da emergência sanitária Yanomami, a ministra disse que, "por uma decisão política do presidente" Luiz Inácio Lula da Silva, a saúde indígena recebeu um incremento de R$ 700 milhões para o ano de 2024. Conforme anunciado pelo governo em outubro passado, neste ano a saúde indígena teve um orçamento total de R$ 2,6 bilhões, "74% a mais do que o ano de 2022".
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