O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (29) que irá permanecer no cargo que ocupa desde 2018.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (29) que irá permanecer no cargo que ocupa desde 2018.
Sánchez cancelou sua agenda pública na última semana para refletir se permanecia no comando do governo, depois que um tribunal de Madri abriu uma investigação contra sua esposa, Begoña Gómez.
Falando do Complexo da Moncloa, o premiê criticou as acusações feitas contra a sua esposa, afirmando que a vivência política "não vale a pena" caso "mentiras mais grosserias substituam o debate respeitoso e racional baseado em evidências".
"Não há nada que justifique o sofrimento injusto das pessoas que não querem nada mais que respeito, e ver como se tentam destruir sua dignidade sem o mínimo fundamento", disse Sanchéz.
"Vivemos em uma sociedade em que nos ensinam e nos exigem a seguir trabalhando a todo custo, mas há vezes em que a única forma de avançar é nos detendo, refletir e decidir com clareza por onde queremos caminhar."
No sábado (27), milhares de pessoas se manifestaram nas ruas de Madri em apoio a Sánchez, à espera de seu anúncio previsto para segunda-feira (29) sobre se continuará ou não no cargo.
Sanchéz disse que a mobilização influiu "decisivamente" em sua decisão para permanecer no cargo e agradeceu o apoio.
"Eu decidi seguir, seguir com mais força à frente da presidência do governo da Espanha."
Na Espanha, a esposa do Chefe de Governo não é considerada a primeira-dama, por isso, Gómez, que é casada com Sánchez desde 2006, não tem um cargo público nem um escritório oficial.
Embora não tenha presença nas redes sociais, Gómez é ativa no LinkedIn. Por lá registra sua experiência no campo de marketing e arrecadação de fundos.
Atualmente é diretora da Cátedra Extraordinária de Transformação Social da Universidade Complutense de Madri. Também é co-diretora do Mestrado em Transformação Social Competitiva e da Direção de Fundraising Público e Privado em Organizações sem Fins Lucrativos.
Gómez também é sócia e coordenadora do grupo de trabalho Transformação Social empresarial desde 2018 e sócia da Associação Espanhola de Fundraising desde 2012.
A denúncia apresentada pela organização Mãos Limpas indica que Gómez teria utilizado o estatuto pessoal de esposa do presidente de Governo da Espanha para recomendar ou caucionar empresários que se apresentavam a concursos públicos e beneficiar um parente em outro concurso, segundo consta o documento ao qual a CNN teve acesso.
A acusação cita informações publicadas por alguns meios de comunicação.
O caso está apenas em diligências prévias, que foram classificadas como secretas. Até o momento, Gómez não foi acusada de nenhum delito.
A denúncia contra Gómez poderá chegar a lugar nenhum (como aconteceu em outros casos movidos pelas Mãos Limpas).
A Promotoria Geral do Estado disse à CNN nesta quinta-feira (25) que promotores de Madri apelaram da decisão do tribunal e solicitaram que se arquive a investigação. E uma fonte do Ministério Público acrescentou, ao falar com a CNN, que não há indícios de qualquer delito no conteúdo da denúncia.
Até agora, Gómez não se pronunciou sobre o caso.
Por sua vez, Sánchez disse na carta que publicou na quarta-feira (24) que a denúncia consiste em "falsidades" e "informações espúrias" sobre as quais sua esposa tem movido ações legais para que esses meios sejam retificados, e qualificou a Mãos Limpas como uma organização ultradireita e disse que o objetivo da denúncia é "prejudicá-lo no âmbito político e pessoal".
Além disso, assinalou que as acusações contra Gómez são parte de uma "estratégia de assédio" de seus opositores políticos da direita e da extrema direita. "Há meses que é perpetrada", acrescentou. "Este ataque não tem precedentes, é tão grave e tão grosseiro que preciso parar e refletir com minha esposa. (…) Preciso entender se vale a pena, apesar da lama em que a direita e a extrema direita pretendem converter a política", garantiu Sánchez.
Desde a formação da centro-direita que lidera a oposição, o Partido Popular, exige que Sánchez dê explicações. "Em vez de desaparecer por cinco dias, o presidente deve aparecer com urgência para dar uma explicação fundamentada dos escândalos que envolvem seu partido, seu governo e sua parceira", disse na noite de quarta-feira (24) a secretária-geral do PP, Cuca Gamarra.
"Denunciamos que o presidente de Governo aposte na vitimização e na pena em vez da responsabilidade e da clareza", acrescentava Gamarra.
Em uma linha semelhante, o presidente da formação de ultradireita Vox, Santiago Abascal, se perguntava através de sua conta oficial do X (antigo Twitter) se este anúncio responde a uma manobra de Sánchez "para se apresentar como uma pobre vítima" e para "preparar sua defesa legal".
Aliados de Sánchez, composto pelos ministros que fazem parte do seu Governo, mostraram rapidamente o seu apoio ao dirigente. Um apoio que veio acompanhado de críticas às formações de direita e ultradireita, que Sánchez acusa de conduzir uma campanha de assédio contra ele e sua esposa para desgastar sua imagem política e pessoas.
María Jesús Montero, primeira vice-presidente do governo e ministra das Finanças, e Vice-Secretária geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), escreveu em sua conta oficial do X: "Estamos todos contigo, presidente. A direita e a extrema direita ultrapassaram as linhas vermelhas e os ataques pessoais são inadmissíveis e devem parar de uma vez por todas. Somos milhões de pessoas que te apoiam face a uma minoria que não aceita a legitimidade das urnas".
"A ofensiva da direita não pode sair com a sua. Há que defender a democracia, o bloco progressista e a legitimidade do governo de coalizão que tanto melhorou a vida das pessoas", disse Yolanda Díaz, vice-presidente segunda do governo da Espanha e ministra do Trabalho e da Economia Social.
Em seu site, a organização Mãos Limpas se identifica como um "sindicato independente" que diz representar os trabalhadores da função pública. No entanto, ganhou notoriedade na imprensa, ao promover processos judiciais contra figuras importantes.
Mãos Limpas menciona entre seus principais objetivos "alcançar a independência do Poder Judiciário", e para consegui-lo acrescenta a organização, "interpomos todo tipo de denúncias, perante as corrupções políticas ou econômicas que prejudiquem o interesse público ou geral".
O líder do grupo, Miguel Bernard, admitiu em um comunicado nesta quinta-feira (25) que sua denúncia se baseou em informação possivelmente falsa publicadas em meios digitais.
(Publicado por Gustavo Zanfer, com informações da CNN Internacional)
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