Badi Assad, instrumentista brasileira de 57 anos de idade, é conhecida mundialmente por apresentar diferentes maneiras de se tocar violão. Ela construiu sua carreira nos anos 1990, com sucesso nacional e internacional, e foi consagrada como uma das 50 maiores violonistas da história pela revista Guitar Player.
Em entrevista ao Metrópoles, Badi Assad afirmou que se sente honrada com a menção, mas também disse que trabalhou bastante para chegar neste nível de reconhecimento. “Eu fazia coisas que ninguém mais no mundo estava fazendo. A Guitar Player acompanhava meus trabalhos e identificou que eu estava propondo algo único, uma forma diferente de se tocar violão.”
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Três décadas depois, a instrumentista segue buscando formas de se manter relevante e transformar as sonoridades do violão. Na entrevista em vídeo, é possível ver Badi Assad tocando violão com uma baqueta. “Sigo buscando esse frescor no que faço. Eu não sou uma pessoa que gosta de ficar fazendo a mesma coisa o tempo todo, sou muito criativa, muito inquieta e gosto de produzir o tempo todo”, revelou.
Recentemente, a violonista lançou o projeto Olho de Peixe, em parceria com a Orquesta Mundana Refugi. O novo álbum de releituras é uma homenagem aos 30 anos do disco que projetou Lenine na carreira, mas com novas sonoridades. “Tinha que trazer as músicas para um universo sonoro completamente diferente e acho que, com a Orquesta, o resultado musical ficou bom demais.”
Confira entrevista com Badi Assad
Como começou sua carreira de violonista?
Quando eu nasci, os meus irmãos Sérgio e Odair Assad, que são grandes, não somente violonistas, mas expoentes do violão no mundo, já tocavam o instrumento. Então sempre teve violão no sofá da nossa casa. Foi um caminho natural quando eu decidi que música seria não somente a minha profissão, mas o meu estilo de vida.
É simples tocar violão?
Acho que o violão é um instrumento muito democrático. Se você souber tocar dois, três acordes, você pode cantar muitas músicas. Nesse sentido não é difícil. Mas para quem quer evoluir, tem que sentar e estudar muito, porque exige uma técnica avançada.
Como você recebe esse reconhecimento de ser considerada uma das 50 maiores violonistas de todos os tempos?
É um título que a gente se questiona: ‘O que eu fiz para estar nesta lista?’. [â¦] Mas eu sei o quanto eu ralei, o quanto eu me dediquei. E não fiz isso para entrar em nenhuma lista ou para ganhar prêmios. Fiz porque era o que tinha que fazer na minha carreira.
Como você absorve as mudanças no mercado musical e busca continuar sendo relevante artisticamente?
Se eu tentar atuar nos dias de hoje com o olhar de quando eu tinha 30 anos de idade, não vai dar certo. Tudo mudou e a mudança hoje em dia é muito rápida, então nós, que não somos tão jovens, temos que estar abertos a elas. Temos que estar acordados e fazendo alianças com a forma que os jovens estão enxergando a música atualmente.
Os instrumentistas são mais valorizados na Europa que no Brasil?
Aqui no Brasil eu nunca consegui alcançar um patamar de artista popular dentro da MPB. É uma questão de como que a política da música acontece aqui, de como que a distribuição da música acontece aqui. É sempre algo que foge do talento, lá fora o talento é mais reverenciado.
Você tem exemplos, consegue materializar essa sua forma de utilizar o violão de uma maneira diferente?
Por acaso estava estudando e fazendo arranjo para uma música japonesa. Então, por exemplo, colocar essa baqueta no meio do violão e tocar com o violão deitado no colo, a sonoridade do violão se transforma, como se fosse um instrumento japonês. Quando a pessoa ouve, ela não sabe direito que o instrumento é um violão
Metrópoles