O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na noite desta quarta-feira (19) manter a Selic inalterada em 10,50%, como era a previsão do mercado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na noite desta quarta-feira (19) manter a Selic inalterada em 10,50%, como era a previsão do mercado. Mas outro fator foi decisivo e veio nas últimas linhas do comunicado do comitê: a unanimidade da decisão.
Os nove membros – sejam eles indicados pelo atual governo ou o anterior – decidiram pelo final do atual ciclo de corte de juros. Economistas e analistas de mercado esperavam que o colegiado do BC optasse por passar uma mensagem de consenso hoje.
E esse é um detalhe que poderá fazer toda a diferença na abertura dos mercados, para o Ibovespa, o dólar e os juros futuros.
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"Com a deterioração do cenário doméstico, sem sinais de um ajuste sustentável de gastos públicos, as expectativas de inflação desancoraram e o câmbio se desvalorizou. Dessa forma, o principal objetivo desta reunião para o mercado era restabelecer a credibilidade da condução de política monetária e trazer de volta as expectativas de inflação alinhadas com as metas", diz Guilherme Jung, Economista da Alta Vista Research, sobre a importância da unanimidade na decisão.
Dessa forma, mesmo os diretores indicados pelo atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçaram seus posicionamento, perante ao mercado, de dureza (hawkish) no combate à inflação e na ancoragem das expectativas. Parte da atual diretoria, ligada ao último governo executivo, inclusive Campos Neto, tem o seu mandato acabando no final deste ano.
"A unanimidade do comitê na decisão tem um papel importante para fortalecer a credibilidade, não apenas deste comitê atual, mas também dos diretores que continuarão no cargo em 2025. Essa unanimidade sinaliza coesão e determinação na condução da política monetária, aspectos fundamentais para a estabilidade econômica a longo prazo", pontua Jung.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, explica que, com um Banco Central mais duro, o esperado é que as taxas de juros nas pontas mais curtas da curva subam amanhã, refletindo a decisão da instituição. Isso já foi visto, inclusive, nesta quarta-feira.
No entanto, os DIs, contratos de juros futuros, mais longos podem ver alguma queda durante o pregão desta quinta, com a visão de que, se o BC for mais duro por agora, a inflação continuará sob controle e haverá mais espaço para baixas no futuro.
O menor diferencial de juros entre as taxas do Brasil e dos Estados Unidos também deve manter o poder de compra da moeda brasileira em patamares superiores, o que deve amenizar a volta da inflação (após o IPCA de maio, por exemplo, vir acima do esperado).
Esse cenário, Gala pontua, tende a ser também mais positivo para o câmbio, com o real possivelmente se valorizando frente ao dólar, com a perspectiva de que o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos continuará elevado ganhando força.
Já para as companhias listadas na Bolsa brasileira, a decisão se divide. Empresas mais alavancadas, endividadas, podem se beneficiar da curva longa caindo. A visão passa a ser a de que elas terão menores despesas financeiras com o passar do tempo no longo prazo.
Em uma visão mais de curto prazo, no entanto, algumas companhias devem sofrer, já que juros mais altos implicam em uma economia menos aquecida e, consequentemente, em menores lucros nos próximos meses e anos.
“Entendemos que a postura adiante vá continuar sendo “data driven”, ou seja, com o acompanhamento atento e de perto de dados econômicos tanto internos como globais para posterior decisão de política monetária”, diz Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital.
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