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Ramagem orientou Bolsonaro a atacar urnas e falou em "golpe" no TSE, diz PF

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, hoje pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), orientou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a manter o tom de ataque contra as urnas eletrônicas e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por Em Sergipe

26/07/2024 às 10:18:15 - Atualizado há

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, hoje pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), orientou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a manter o tom de ataque contra as urnas eletrônicas e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). É o que aponta investigação da Polícia Federal (PF) no caso conhecido como "Abin paralela".

A PF apura a suposta utilização da Abin, sob o governo Bolsonaro, para monitorar e espionar políticos, parlamentares, servidores públicos, auditores da Receita Federal, jornalistas e ministros do STF.

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Em seu depoimento de quase 7 horas à PF, no dia 17 de julho, Ramagem foi confrontado sobre arquivos e documentos encontrados em seu e-mail com algumas dessas orientações a Bolsonaro.

Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, Ramagem teria admitido que costumava escrever textos “para comunicação de fatos de possível interesse” de Bolsonaro. O ex-chefe da Abin disse, no entanto, que não se recordava se essas mensagens teriam sido, de fato, encaminhadas ao então presidente.

Em um dos textos, segundo O Globo, Ramagem orienta Bolsonaro a reforçar publicamente a suposta "vulnerabilidade" das urnas eletrônicas no Brasil.

“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, diz uma das mensagens localizadas pela PF.

“O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente", prossegue Ramagem. "A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente."

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Em outro texto, o ex-diretor da Abin sugere a Bolsonaro que o então presidente faça um enfrentamento público contra a Justiça Eleitoral.

“Bom dia, presidente. O Sr., mais do que ninguém, conhece o sistema e sabe que não houve apenas quebra de paradigma na sua eleição, mas ruptura com esquema dos Poderes […] Nenhuma crise conseguiu enfraquecer sua base e não aparenta haver políticos à altura de vencê-lo em 2022. Portanto, parece que a batalha maior será agora, requerendo atitude belicosa com estratégia”, diz Ramagem.

“Golpe” do TSE e ataque a ministros

O hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro fala, ainda, em um suposto "golpe" no TSE que teria o objetivo de prejudicar a candidatura de Bolsonaro.

“Há armadilhas sendo colocadas. O inquérito do Celso de Mello possui relação com o inquérito das fake news do Alexandre de Moraes com intuito de fundamentarem o golpe no TSE”, diz o texto.

Os arquivos encontrados pela PF no e-mail de Alexandre Ramagem por meio de uma quebra de sigilo autorizada pela Justiça mostram, ainda, que o ex-comandante da Abin encaminhava a Bolsonaro relatórios sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, com supostas ilegalidades que jamais foram comprovadas.

Aos policiais, o ex-chefe da Abin teria atribuído ao agente Marcelo Araújo Bormevet e ao militar Giancarlo Gomes Rodrigues – ambos presos pela PF durante a quarta fase da Operação Última Milha, na semana passada – a prática de espionagem ilegal. Ramagem negou que tenha dado a ordem para o monitoramento.

Em seu depoimento, o deputado federal também foi questionado sobre a gravação que fez de uma reunião envolvendo Bolsonaro, o próprio Ramagem, o general Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.

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