Anos conturbados de preparação para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e um cenário de mercado desafiador nos últimos anos estão por trás da venda do complexo fabril da Pif Paf em Palmeiras de Goiás à Jaguafrangos nesta semana.
Anos conturbados de preparação para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e um cenário de mercado desafiador nos últimos anos estão por trás da venda do complexo fabril da Pif Paf em Palmeiras de Goiás à Jaguafrangos nesta semana. De volta ao comando de Luiz Carlos Costa, um dos controladores e, novamente, CEO, a empresa busca reverter o alto endividamento registrado até 2023.
A expectativa é de que a venda da planta no estado de Goiás ajude a diminuir o endividamento (dívida líquida pelo Ebitda) de 40 vezes, como fechou 2023, para 4 vezes. Em função dos trâmites que ainda devem ser cumpridos junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empresa não revela qual o valor da venda.
O plano de reestruturação de dívida traçado pela companhia e apresentado a credores já considerava a venda desse ativo em uma primeira fase. Em uma segunda etapa, a ocorrer em 2025, a companhia ainda deve desinvestir a Fricasa, operação de suínos que possui em Santa Catarina.
"Nessa segunda fase, reforçamos ainda mais nossa estrutura de capital para a empresa começar a crescer mais forte entre 2025 e 2026. O plano que apresentamos para o mercado é esse", conta o CFO da Pif Paf, Raphael Gesteira.
Além dos desinvestimentos e reestruturação da dívida, a estratégia da empresa passa pela diminuição de despesas operacionais. Entre 2023 e 2024, a redução de custos, especialmente com pessoal e marketing, bateu aproximadamente R$ 400 milhões.
A avaliação da atual gestão é de que houve um inchaço na estrutura da empresa. Em 2018, Luiz Carlos Costa deixou a liderança da Pif Paf — após 25 anos à frente da companhia que começou com seu pai — e deu espaço para uma nova gestão, trazida do mercado, incumbida de prepará-la para um IPO.
Nos 10 anos anteriores, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia rodava por volta de 10,5% e uma oferta pública parecia o caminho mais óbvio de captação para uma empresa em crescimento. Acontece que o preço dos grãos subiu, a janela de IPOs se fechou e a abertura de capital não saiu.
"Morreu a ideia. O mercado se fechou, muitas empresas não foram ao mercado, e eu não pretendo voltar mais", afirma Costa. A ideia é retornar ao antigo modelo da empresa: crescer com base em sua atuação mais regionalizada, e não nacional, como na gestão anterior, pelo Sudeste.
A empresa tem aproveitado também o cenário mais positivo para o segmento para voltar aos trilhos. Costa exemplifica que a companhia chegou a pagar R$ 130 por saca de milho no período entre 2021 e 2022. As mesmas fábricas que praticavam esse valor hoje cobram de R$ 58 a R$ 60.
Além disso, para tocar o "antigo modelo" de gestão da Pif Paf, alguns dos antigos executivos da empresa foram chamados de volta à operação. O frigorífico está voltando o foco comercial à venda direta para pequenos varejistas, capazes de retornar melhores margens, como se habituou a fazer pelos anos de gestão de Costa. Hoje, 80% das vendas vêm desse perfil, contra 50% durante o período de preparação para o IPO.
A venda da planta em Goiás, espera a Pif Paf, não deve comprometer muito o volume de vendas. Com o desafogo na estrutura de dívida, deve haver recomposição no capital de giro, o que pode levar outras unidades a voltarem a produzir em capacidade máxima, trazendo ganhos de escala e redução de custo fixo. O complexo vendido tinha uma capacidade de abate de aproximadamente 180 mil aves em capacidade máxima.
"Hoje, a planta em Rio Branco tem condição de abater 160 mil. A unidade de Castelo, no Espírito Santo, hoje tem um turno de 95 mil, mas pretendemos dobrar e chegar a 180 mil", conta Costa. A unidade capixaba Uniaves foi comprada pela empresa em 2021.
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