Economia Agro

De volta às mãos da família, Pif Paf vende fábrica para reestruturar dívida

Anos conturbados de preparação para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e um cenário de mercado desafiador nos últimos anos estão por trás da venda do complexo fabril da Pif Paf em Palmeiras de Goiás à Jaguafrangos nesta semana.

Por Em Sergipe

20/08/2024 às 16:51:03 - Atualizado há

Anos conturbados de preparação para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e um cenário de mercado desafiador nos últimos anos estão por trás da venda do complexo fabril da Pif Paf em Palmeiras de Goiás à Jaguafrangos nesta semana. De volta ao comando de Luiz Carlos Costa, um dos controladores e, novamente, CEO, a empresa busca reverter o alto endividamento registrado até 2023.

A expectativa é de que a venda da planta no estado de Goiás ajude a diminuir o endividamento (dívida líquida pelo Ebitda) de 40 vezes, como fechou 2023, para 4 vezes. Em função dos trâmites que ainda devem ser cumpridos junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empresa não revela qual o valor da venda.

Próximas etapas

O plano de reestruturação de dívida traçado pela companhia e apresentado a credores já considerava a venda desse ativo em uma primeira fase. Em uma segunda etapa, a ocorrer em 2025, a companhia ainda deve desinvestir a Fricasa, operação de suínos que possui em Santa Catarina.

"Nessa segunda fase, reforçamos ainda mais nossa estrutura de capital para a empresa começar a crescer mais forte entre 2025 e 2026. O plano que apresentamos para o mercado é esse", conta o CFO da Pif Paf, Raphael Gesteira.

Além dos desinvestimentos e reestruturação da dívida, a estratégia da empresa passa pela diminuição de despesas operacionais. Entre 2023 e 2024, a redução de custos, especialmente com pessoal e marketing, bateu aproximadamente R$ 400 milhões.

Caminho até a dívida

A avaliação da atual gestão é de que houve um inchaço na estrutura da empresa. Em 2018, Luiz Carlos Costa deixou a liderança da Pif Paf — após 25 anos à frente da companhia que começou com seu pai — e deu espaço para uma nova gestão, trazida do mercado, incumbida de prepará-la para um IPO.

Nos 10 anos anteriores, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia rodava por volta de 10,5% e uma oferta pública parecia o caminho mais óbvio de captação para uma empresa em crescimento. Acontece que o preço dos grãos subiu, a janela de IPOs se fechou e a abertura de capital não saiu.

"Morreu a ideia. O mercado se fechou, muitas empresas não foram ao mercado, e eu não pretendo voltar mais", afirma Costa. A ideia é retornar ao antigo modelo da empresa: crescer com base em sua atuação mais regionalizada, e não nacional, como na gestão anterior, pelo Sudeste.

A empresa tem aproveitado também o cenário mais positivo para o segmento para voltar aos trilhos. Costa exemplifica que a companhia chegou a pagar R$ 130 por saca de milho no período entre 2021 e 2022. As mesmas fábricas que praticavam esse valor hoje cobram de R$ 58 a R$ 60.

Além disso, para tocar o "antigo modelo" de gestão da Pif Paf, alguns dos antigos executivos da empresa foram chamados de volta à operação. O frigorífico está voltando o foco comercial à venda direta para pequenos varejistas, capazes de retornar melhores margens, como se habituou a fazer pelos anos de gestão de Costa. Hoje, 80% das vendas vêm desse perfil, contra 50% durante o período de preparação para o IPO.

A venda da planta em Goiás, espera a Pif Paf, não deve comprometer muito o volume de vendas. Com o desafogo na estrutura de dívida, deve haver recomposição no capital de giro, o que pode levar outras unidades a voltarem a produzir em capacidade máxima, trazendo ganhos de escala e redução de custo fixo. O complexo vendido tinha uma capacidade de abate de aproximadamente 180 mil aves em capacidade máxima.

"Hoje, a planta em Rio Branco tem condição de abater 160 mil. A unidade de Castelo, no Espírito Santo, hoje tem um turno de 95 mil, mas pretendemos dobrar e chegar a 180 mil", conta Costa. A unidade capixaba Uniaves foi comprada pela empresa em 2021.

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