A Lei Distrital 4092/2008, conhecida como a Lei do Silêncio, determina limites sonoros das 22h às 7h. Mas, enquanto favorece a parte da população que se incomoda com o som alto nesse horário, a legislação também afeta a vida noturna do Distrito Federal, que se acostumou a terminar mais cedo para não ter problemas com a fiscalização.
Ainda que raros, ainda existem locais que vão na linha contrária e funcionam madrugada adentro. Geralmente são espaços voltados para festas e shows, mas que oferecem música com a qualidade brasiliense para quem quer curtir além da meia-noite.
Um exemplo disso é o recém-aberto Anexo BZ. Localizado no SAAN, ele é das mesmas sócias no Barzim, que encerra atividades às 0h, no mais tardar. Agora, com a possibilidade de funcionar até às 4h, elas misturam o bar e a balada e se resgardam da fiscalização do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que regra as atividades no ponto da Asa Norte. “Surgiu a oportunidade do Anexo e não pensamos duas vezes em arriscar”, garante a sócia dos espaços, Daphinie Torquato.
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Também na região do Setor de Abastecimento e Armazenamento Norte, o Complexo Fora do Eixo é conhecido de quem aprecia pagode e funk, gêneros predominantes na programação noturna da casa. Por lá, o público também encontra a mistura de bar, na área externa, e de balada, no galpão.
Para Gabriel Athayde, sócio do espaço, é importante para a cultura da cidade que exista um espaço que ofereça programação do começo da noite, ou fim da tarde, até de manhã. “Brasília é a capital do país e vive em constante crescimento. Ter opções na madrugada de festas e diversões, com certeza, agrega bastante para a cidade, trazendo não só alegria, mas gerando entretenimento e oportunidades de trabalho”, avalia.
6 imagensDestaques no fim de semana
Existem ainda os espaços que apostam em dias específicos da semana para estender a programação. No Mezanino, o MZNN Night oferece programação às sextas e sábados até de madrugada. “Devido à Lei do Silêncio nas ‘asas’, é muito importante para a cidade, e também os turistas, que tenhamos uma opção de entretenimento até mais tarde, assim como em toda grande metrópole”, defende João Maione, sócio do local.
O mesmo acontece na Infinu Comunidade Criativa, que fica ao lado da Praça dos Avós, na 506 Sul. Por lá, às terças, sextas e sábados as atividades vão até às 1h30 — enquanto o resto da semana, quarta, quinta e sexta, encerra 0h. Com a proposta de reunir fazedores de cultura da cidade, os sócios do local acreditam que é necessário ter mais opções que funcionem além desse horário.
“É completamente contraditório querer ser uma cidade criativa que abraça a diversidade como ponto estrutural e ter praticamente um toque de recolher às 22h, como se vê em quase todo Plano Piloto”, destaca Miguel Galvão, um dos sócios da Infinu.
“Atualmente na Asa Sul tem sido mais fácil encontrar uma pedra de crack do que um bife depois das 0h. Ter opções para que os diferentes tipos de habitantes da cidade consigam se conectar e também usufruir da urbe é, antes de mais nada, uma questão de saúde pública. Diversão e socialização de qualidade significam menos remédios, menos depressão, menos sobrecarga no sistema de saúde”, critica o empresário.
Sócio do Palomina, Lucas Vaz defende também que a cidade mudou de perfil e que é necessário ter mais opções de entretenimento, principalmente para os jovens que não querem ir para festas, mas também não querem ficar em casa. “Esse público tem capacidade financeira de fazer escolhas mais seletas e ainda sim são jovens, querendo ficar até mais tarde com amigos.”
A grande aposta
Embora existam opções, há também uma grande expectativa sobre um bar que deve abrir as portas no fim de setembro. O Ãm.Bar reúne criativos da cidade em uma sociedade disposta a construir um espaço de diversão voltado para a boa música no Setor Bancário Sul. A proposta, de acordo com o sócio Augusto Berto, é reunir os mais diversos nomes da discotecagem de Brasília em um local que funcione até às 2h, com adicional de coquetelaria de alto nível, com carta de Ana Negra, e comidas gostosas, no menu assinado por Catarina Freire.
“Vai ser um lugar tanto para você que quer curtir uma música sem necessariamente precisar ir para uma balada. Às vezes a gente quer só escutar um som legal, ver uma curadoria de bons DJs da cidade, mas sem, necessariamente, precisar da canseira de ir para uma balada, comprar ingresso, não ter lugar para sentar e ter multidão.”
Ele explica ainda que escolheram o SBS por ficar distante das residências e, assim, não ter problemas com a Lei do Silêncio. "A gente brinca que quer que vire um setor boêmio, porque ele tem vocação para isso. É um dos poucos lugares da cidade em que você tem a liberdade de ocupar, fazer um som, tem estacionamento e é central. A gente está acreditando muito que pode ser um ponto de encontro da cidade e que o Ãm.Bar vai ajudar nisso."
Metrópoles