Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), o Brasil lidera o número de cirurgias íntimas, em especial, a ninfoplastia, também conhecida como labioplastia.
Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), o Brasil lidera o número de cirurgias íntimas, em especial, a ninfoplastia, também conhecida como labioplastia. Esse procedimento é realizado na genitália feminina com o objetivo de diminuir o tamanho dos pequenos lábios vaginais e corrigir assimetrias ou frouxidões no local.
A ninfoplastia é um procedimento cirúrgico que remove o excesso de pele dos pequenos lábios vaginais, sem interferência nas estruturas internas.
Segundo Luís Maatz, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o procedimento é indicado tanto para quem possui problemas anatômicos na região da genitália feminina, quanto para quem deseja apenas melhorar a estética da região.
"O objetivo da ninfoplastia é retirar apenas o excesso. Os pequenos lábios devem ser preservados, até porque eles são responsáveis por proteger a região íntima e auxiliar na lubrificação", ressalta o especialista.
Segundo o cirurgião plástico, apesar de a ninfoplastia ser buscada por pacientes por questões estéticas, sua principal função é reparadora. "Ela é realizada em pacientes com quadros crônicos de dor e incômodo que dificultam desde atividades rotineiras até relações sexuais", explica Maatz.
De acordo com Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexualidade Feminina pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana), os pequenos lábios vaginais, localizados internamente aos grandes lábios, têm diversas funções, incluindo a proteção da região íntima, a lubrificação, o abrigo de bactérias benéficas que contribuem para manter o pH ácido do local, entre outras.
No entanto, algumas mulheres podem ser acometidas pela hipertrofia ou assimetria dos pequenos lábios, quando há crescimento ou aumento desproporcional destas estruturas. Isso costuma ser resultado de vários fatores como genética, alterações hormonais, traumas ou simplesmente pelo processo natural de envelhecimento.
Esses fatores anatômicos, inclusive, podem levar à dor na relação sexual. Segundo a especialista, mulheres com alterações na região genital podem sentir fricção ou dor não apenas no sexo, mas, também, ao usar roupas justas ou ao realizar atividades físicas.
"Além de ter dor e desconforto no ato sexual, a mulher sente vergonha da sua genitália, comprometendo a intimidade com seu parceiro. Ademais, há dificuldade na higiene íntima, propensão a candidíase e infecção urinária, incômodo na prática de atividade física e no uso de determinadas roupas", explica a especialista.
Um estudo realizado no início deste ano, publicado no Aesthetic Plastic Surgery Journal, mostrou que, para 96% das mulheres, a ninfoplastia melhorou a vida sexual, além de ter aumentado a autoestima, melhorando a libido e o prazer durante a relação sexual. O trabalho entrevistou 630 mulheres que realizaram o procedimento.
“As pacientes relatam que a cirurgia proporciona uma melhora no aspecto local, deixando a vulva com aspecto mais rejuvenescido. Há, ainda, a diminuição do volume indesejado quando do uso de trajes de banho ou até mesmo de algumas calças e bermudas mais justas. Também há melhorias na higiene local e também no desconforto durante atividades físicas ou ato sexual. Por fim, também relatam uma melhora na autoestima global e também no prazer sexual em muitos casos”, afirma Maatz.
O procedimento pode ser realizado em clínica ou hospital, com anestesia local associada ou não à sedação. A duração média é de 40 minutos e, geralmente, a paciente pode ter alta no mesmo dia, segundo o cirurgião plástico.
“Na maioria dos casos a dor é leve e a recuperação tranquila”, afirma Maatz. “Antes da cirurgia é necessária a realização de exames laboratoriais e cardiológicos e evitar relação sexual na véspera”, orienta.
Já no pós-operatório, são prescritas medicações para dor (analgésicos e anti-inflamatórios) e para prevenir infecções (antibióticos profiláticos), além de spray de ação tópica local que ajudam na diminuição do desconforto.
Além disso, é recomendado não utilizar roupas muito justas, como calças apertadas, nas primeiras semanas e fazer a higienização correta na região genital. As atividades físicas são liberadas após 15 dias da cirurgia e relações sexuais após 30 dias. Banhos de mar e piscina não são recomendados entre 20 e 30 dias.
De acordo com Maatz, a ninfoplastia traz riscos comuns de outras cirurgias, como complicações locais, incluindo hematomas, infecções ou aberturas de pontos. “Porém, não são frequentes, uma vez que a região, habitualmente, tem um processo de cicatrização muito favorável”, afirma.
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