Desbaratado pela Polícia Federal (PF), em setembro deste ano, a um mês do primeiro turno das eleições municipais, um grupo criminoso batizado de "Teatro Invisível" teve quatro pessoas presas e 11 investigados que se tornaram réus na Justiça Eleitoral pela propagação de notícias falsas com o objetivo de prejudicar candidatos.
Desbaratado pela Polícia Federal (PF), em setembro deste ano, a um mês do primeiro turno das eleições municipais, um grupo criminoso batizado de "Teatro Invisível" teve quatro pessoas presas e 11 investigados que se tornaram réus na Justiça Eleitoral pela propagação de notícias falsas com o objetivo de prejudicar candidatos.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo, entre os crimes investigados pela PF, cometidos durante a campanha eleitoral deste ano, estão calúnia, difamação e associação criminosa. Todos os envolvidos negam as acusações.
As investigações da PF, no entanto, revelam que um grupo de atores contratados usava "trajes e até dicções locais" para se "camuflar" entre os quase 441 mil habitantes do município de São José do Meriti (RJ), a cerca de 28 quilômetros do centro do Rio de Janeiro (RJ).
Os criminosos eram separados para atuar por bairros da cidade, em locais nos quais era possível atrair grande atenção das pessoas que passavam pelas ruas. Segundo a reportagem, as encenações eram treinadas e obedeciam a um roteiro previamente definido, em que os atores falavam mal de um candidato e elogiavam outro.
Depois da breve conversa com os eleitores, o grupo fazia uma avaliação e projetavam o número de votos convertidos a favor do candidato que defendiam. Em planilhas, a atuação dos atores era classificada como "positiva" ou "negativa".
A alcunha de "Teatro Invisível", que dá o nome também à operação da PF para combater o esquema criminoso, era usado pelos próprios investigados. Trata-se de uma referência a encenações em locais públicos que enganam os espectadores, que consideram aquilo real.
O "Teatro Invisível", de acordo com a PF, teria atuado em pelo menos 13 cidades do estado do Rio, nas eleições municipais de 2016 e 2024.
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Ainda segundo a PF, as quantias recebidas pelos atores contratados para espalhar "fake news" e enganar eleitores poderiam chegar a R$ 2,5 mil, com uma ajuda de custo adicional de R$ 2,2 mil.
O coordenador dos artistas, por sua vez, recebia cerca de R$ 5 mil. Assim, com o total de seis integrantes no grupo, além do supervisor, a soma dos gastos alcançaria R$ 33,2 mil por mês, com o preço variando de acordo com a cidade.
A investigação da PF não aponta a origem do dinheiro utilizado para o pagamento do grupo. Mas já se sabe que a empresa de um dos réus investigados recebeu R$ 406 mil da campanha do deputado estadual Valdecy da Saúde (PL) para o fornecimento de materiais como bandeiras, adesivos e santinhos, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Por meio de nota, Valdecy afirma que “não figura como indiciado ou envolvido nos autos do processo que apura prática de crimes eleitorais” e está “à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento”.
O candidato do PL foi o segundo colocado nas eleições de São João do Meriti. O deputado estadual Léo Vieira (Republicanos), atacado pelo grupo do "Teatro Invisível" nas ruas da cidade, foi eleito prefeito no primeiro turno, após uma decisão da Justiça Eleitoral.
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) decidiu, no dia 8 de outubro, pela anulação dos votos do candidato Professor Joziel (DC), quinto colocado na disputa pela prefeitura de São João de Meriti.
A medida foi publicada em edição extra do Diário da Justiça do TRE-RJ. Com a decisão, o primeiro colocado, Léo Vieira, superou 50% dos votos válidos já no primeiro turno e foi eleito.
A decisão foi tomada em resposta à ação movida pela coligação de Léo Vieira. Anteriormente com 49,82% dos votos (122.399), Vieira concorreria no segundo turno contra Valdecy da Saúde, que obteve 33,01% dos votos (81.102).
Com a anulação dos 2.624 votos recebidos pelo candidato da Democracia Cristã (DC), Vieira passou a liderar com 50,91% dos votos válidos, sendo declarado novo prefeito do município.
De acordo com o TRE-RJ, Professor Joziel teve a candidatura anulada por não cumprir o prazo legal para a troca do candidato a vice-prefeito, Felipe Juventude (DC), até 17 de setembro.
Felipe Castro da Silva, conhecido como Felipe Juventude, teve seu registro indeferido, com trânsito em julgado da sentença, em 11 de setembro.
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