Em 1998, um serial killer brasileiro foi o responsável por tirar a vida de 11 mulheres na Grande São Paulo.
Em 1998, um serial killer brasileiro foi o responsável por tirar a vida de 11 mulheres na Grande São Paulo. Ele atendia pelo nome de Francisco de Assis Pereira e ficou conhecido como o Maníaco do Parque. Quando foi preso, após ser reconhecido por um retrato falado publicado no jornal, o assassino teve a sua versão estampada na mídia. No entanto, o lado das vítimas, de alguma forma, ficou relegado na cobertura.
A voz das mulheres nesta história, com mais de duas décadas de atraso, ganha luz no filme Maníaco do Parque, que estreia, nesta sexta-feira (18/10), no Prime Video. Uma personagem fictícia, chamada Helena, serviu como ponto de partida para que uma crítica fosse feita a como o jornalismo tratou o caso de Francisco de Assis Pereira.
10 imagensMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesMárcio NunesDaniel ChiacoDivulgaçãoAlém dessa produção, um documentário e uma audiossérie serão publicadas no dia 1º de novembro
Em entrevista ao Metrópoles, Giovanna Grigio explicou como foi ajudar a trazer uma visão feminina para um universo que descredibilizou tantas mulheres. Para a atriz, viver Helena foi um desafio, que, ela espera, a ajude a sair de “certas caixinhas”.
“Eu acho que a Helena é uma personagem que me colocou numa posição de encarar várias coisas assim, é uma personagem muito diferente de todas as outras que eu pude fazer antes. Eu venho de um histórico de muitos trabalhos mais voltados para o público teen e a Helena é despida de todas as qualidades que outros trabalhos me exigiam”, declarou, acrescentando que a jornalista.
A atriz ainda ressaltou a importância da personagem no contexto atual e analisou que esse ponto de vista enriquece ainda mais a história. “Ela é um exemplo de muita força, muita determinação. Essa narrativa é muito importante para ela e para mim”, pontuou.
Para Giovanna, há muitas Helenas por aí e que a personagem a fez questionar vários pontos. “Eu sinto que fui atravessada por ela e espero que outras mulheres e homens também também tenham [essas sensações] despertadas em si mesmos”, completou.
Os diretores da produção foram Maurício Eça e Thaís Nunes. A dupla explicou que o ponto de vista feminino foi motivado pelo tempo de tela que Francisco de Assis Pereira teve na época em que foi preso e a desvalorização das mulheres e das vítimas naquela época.
A pesquisadora, inclusive, relembrou que ele foi tratado pela mídia como Don Juan, por ter seduzido diversas jovens, e que as roupas usadas pelas vítimas chegaram a ser questionadas.
“A gente não queria de forma alguma que o Francisco fosse o centro da narrativa mais uma vez. Então, essa era a premissa mais importante para a gente”, declarou Thaís.
Ela ainda contou que o filme ainda atua como uma crítica a como a mídia atuou naquela época. “A narrativa que a imprensa fez provocou tanto sofrimento nessas mulheres”, declarou.
Por fim, Eça relatou que a escolha foi dar voz às vítimas e, de alguma forma, representá-las, com um filme que ainda se mantém atual em relação a essa visão: “Por isso a escolha de ter uma protagonista mulher, uma jornalista que representa muito disso, que é uma mulher que vivia naquele ambiente tóxico, machista, daquela redação”.
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