Em relatório sobre seu portfólio para a América Latina, o Morgan Stanley destaca que as ações brasileiras têm enfrentado um paradoxo, com visão overweight (exposição acima da média) dos estrangeiros dentro do grupo de emergentes, enquanto a participação de agentes domésticos em ações está próxima do recorde de baixa.
Em relatório sobre seu portfólio para a América Latina, o Morgan Stanley destaca que as ações brasileiras têm enfrentado um paradoxo, com visão overweight (exposição acima da média) dos estrangeiros dentro do grupo de emergentes, enquanto a participação de agentes domésticos em ações está próxima do recorde de baixa.
“O Brasil continua em um impasse fiscal que provavelmente exigirá um ‘disjuntor’, como melhor crescimento, inflação/taxas de juros menores do que o esperado ou reformas”, avalia a equipe de estratégia.
Assim, um bom caminho para as ações brasileiras em 2024-25 seria aquele em que o crescimento econômico surpreende para o lado positivo enquanto a inflação surpreende para o lado negativo, permitindo um caminho acelerado de reduções de juros e evitando importantes riscos globais de cauda. Na frente fiscal doméstica, a capacidade do governo de convencer os mercados sobre suas metas fiscais é fundamental para manter a confiança dos investidores nacionais e internacionais em ativos que são atrelados à atividade doméstico.
Contudo, em um cenário de preocupação principalmente com o fiscal, o mercado parece ter determinado um limite para os formuladores de políticas públicas do país quanto a esse tema, reagindo com queda de ações e alta do dólar quando há má notícias nesta frente.
Cabe ressaltar ainda que, nesta segunda-feira (21), o Boletim Focus trouxe atualizações significativas, com revisões nas projeções do IPCA para 2024 e 2025. Diferente de semanas anteriores, que focavam nas incertezas fiscais, as mudanças agora também refletem impactos diretos, como o aumento da bandeira tarifária na energia elétrica. Matheus Pizzani, economista da CM Capital, avalia que a elevação da bandeira tarifária de energia, que passou do patamar 1 para o patamar 2, terá efeitos imediatos, influenciando a inflação esperada.
As projeções de inflação para 2025 mostraram uma variação mínima de apenas 0,02 pontos percentuais, sugerindo uma estabilização. No entanto, a expectativa é de uma Selic mais alta, com a projeção subindo para 11,25%. O mercado acredita que o Banco Central adotará uma postura mais agressiva na política de juros para conter a inflação, especialmente em relação aos preços mais voláteis.
Essas alterações nas expectativas podem impactar a precificação de ativos, como o câmbio e títulos públicos, avalia Pizzani. A expectativa é que a diferença entre as taxas de juros internacionais e domésticas favoreça a apreciação do real, embora a incerteza fiscal limite esse movimento.
Olhando para frente, o Morgan Stanley vê um case muito forte para uma transformação externa de longo prazo do Brasil por meio da expansão de suas fronteiras energéticas e agrícolas, o que poderia adicionar 22-30% às exportações brutas até o final da década, de acordo com nossos analistas. “No entanto, hoje esses são melhores temas de micro seleção de ações do que macro”, avalia.
Em seu portfólio de hoje para a América Latina, o banco elevou sua exposição a setores exportadores de commodities, como celulose e papel – com entrada de Suzano (SUZB3) – e petróleo e gás – com aumento relativo de Petrobras (PETR4) – , de forma a diminuir a sua exposição a empresas ligadas à atividade doméstica. Isso devido a expectativas de um ciclo mais forte de aumento de taxas de juros no país.
Enquanto isso, cortou as suas posições relativas em varejo, como o Assaí (ASAI3), e em transporte, como Santos Brasil (STBP3). Para o Assaí, houve exclusão da ação depois do analista do setor cortar recomendação para neutra, à espera de melhor visibilidade operacional. STBP3 também foi cortada pelo banco, pois vê um risco-recompensa mais equilibrado após o forte desempenho da ação.
Entre as brasileiras ou com forte exposição ao Brasil, o banco gosta de a) produtores de petróleo e gás como Petrobras e PRIO (PRIO3); b) empresas agrícolas como Rumo (RAIL3); c) Nubank (BDR: ROXO34), Mercado Livre (BDR: MELI34), Totvs (TOTS3) e VTEX; e d) bancos de varejo como Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4).
Veja a carteira das ações brasileiras do Morgan Stanley para a América Latina:
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