A escassez de chuvas – um dos piores períodos em 90 anos – provocou um aumento significativo nos preços spot (à vista) de energia (PLD) no Brasil.
A escassez de chuvas – um dos piores períodos em 90 anos – provocou um aumento significativo nos preços spot (à vista) de energia (PLD) no Brasil. Os valores, que estavam em torno de R$ 61 por Megawatt-hora (MWh) no início do ano, atingiram em média R$ 119 por MWh em agosto e chegaram a picos de R$ 1.470 por MWh em outubro, impulsionados pela queda na geração de energia solar e pelo aumento da demanda, especialmente nos horários de pico.
Diante desse cenário adverso, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) revisou drasticamente sua projeção para o segundo semestre de 2024, elevando-a de R$ 61/MWh para R$ 300/MWh.
De olho em como esses números afetam o setor de energia no Brasil, o Goldman Sachs elevou a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para a Eletrobras (ELET3) em 2025, considerada a maior beneficiária neste ambiente, em 7%, colocando as projeções do banco 6% (ex-reversão de provisões) acima do consenso da Bloomberg.
Além disso, o banco observa que, dependendo de quão conservadora a Eletrobras foi em suas estimativas de GSF (medida de risco que analisa a relação entre o volume de energia produzido e a garantia física de cada usina) no início do ano, ela também pode se beneficiar de preços mais altos de energia de curto prazo (por meio do mecanismo de liquidação do preço PLD), o que já seria visível nos resultados do terceiro trimestre.
A equipe de research do banco reitera classificação de compra para a Eletrobras, uma vez que a companhia tem a maior Taxa Interna de Retorno (TIR) real no setor entre as empresas cobertas em 14,8% e maior exposição a preços mais altos de energia.
Ainda que veja a Eletrobras como a maior beneficiária nesse cenário e tenha recomendação de compra para as ações, o Goldman Sachs tem preferência setorial por Equatorial (EQTL3), Sabesp (SBSP3) e Copel (CPLE6), enquanto também possui recomendação de compra para Energisa (ENGI11). Já para a Cemig (CMIG4), a recomendação segue de venda.
Confira abaixo as teses:
O Goldman Sachs disse manter preferência por Equatorial (EQTL3), com um preço-alvo baseado na soma das partes para 12 meses de R$ 42,90, devido a alocação sólida de capital com avaliação razoável de 11,4% de taxa interna de retorno (TIR) real.
Com relação aos riscos, os analistas apontam o aumento do escrutínio por parte do regulador e do governo federal sobre a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias de distribuição de energia, a interferência excessiva do governo federal, a abertura do mercado de distribuição e o aumento das tarifas setoriais para os consumidores regulados, o crescimento da geração solar distribuída impactando volumes e perdas, a recuperação mais lenta do que o esperado das concessões recentemente adquiridas e o excesso de oferta de energia no médio prazo.
O Goldman Sachs reitera classificação de compra e preço-alvo de R$ 134,30, pois vê uma oportunidade única da empresa de implantar capex com retornos atrativos e espaço significativo para reduzir custos enquanto ainda negocia a 0,93 vezes Valor da Firma (EV)/Base de Ativos Regulatórios (RAB) e 11,1% de TIR real.
De negativo, o banco cita o risco de execução de capex, considerando os mais de R$ 70 bilhões de investimentos planejados entre 2024 e 2029 para alcançar as metas de universalização, o que poderia levar a um fator U maior que zero (limitando o pagamento de dividendos e reduzindo as tarifas) e um reconhecimento menor do esperado no RAB (redução do valor do capex), o atraso nas iniciativas de redução de custos e a interferência do governo.
O Goldman Sachs mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 12,90, devido a expectativa de dividendos crescentes sustentados por perspectiva sólida de fluxo de caixa (FCF) a 12,4% de TIR real.
O banco também tem recomendação de compra para a Energisa (ENGI11), com um preço-alvo baseado na soma das partes para 12 meses de R$ 59,40.
Por outro lado, o banco mantém recomendação de venda para a Cemig, uma vez que enxerga menos espaço para redução de opex em comparação com os pares e otimização de portfólio em comparação com os pares negociando a 8,2% de TIR real, embora reconheça dividendos sólidos no curto prazo.
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