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"O Brasil deveria liderar a cultura da diversidade", diz ativista Satish Kumar

“Eu acho que o futuro pertence aos idealistas”, essa é uma das frases de impacto ditas pelo ativista Satish Kumar, no documentário Amor Radical.

Por Em Sergipe

04/11/2024 às 03:36:00 - Atualizado há

“Eu acho que o futuro pertence aos idealistas”, essa é uma das frases de impacto ditas pelo ativista Satish Kumar, no documentário Amor Radical. O longa aborda a crise socieoambiental contemporânea e oferece um caminho de saída. Em entrevista ao Metrópoles, o líder indiano falou sobre a paz no conflito entre Israel e Hamas e do papel do Brasil na solução climática.

Com direção de Julio Hey, o filme, que estreou em 31 de outubro, aborda a trajetória de Satish e, principalmente, sua visão para o futuro. Aos 88 anos, o ativista, que é ex-monge, tem uma perspectiva para que o mundo saia da crise.

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Em Amor Radical, ele desconstrói a lógica nociva por trás do método cartesiano, patriarcal e capitalista de categorizar a existência, fortemente apoiado nas ideias de controle, separação e competição.

Satish conversou com o Metrópoles sobre o mundo e sobre o filme.

Você veio ao Brasil para assistir à primeira edição do documentário em abril. Como foi sua visita ao país?
O Brasil é um país lindo, abençoado com grandes pessoas, uma rica cultura indígena, florestas maravilhosas e grandes rios. O povo brasileiro precisa ter mais autoconfiança para que possa tornar o Brasil um país exemplar, um país de amor e uma luz guia no mundo. Sou abençoado por o Brasil ter feito um filme sobre mim e comigo.

E sobre o filme, o que você achou?
Na verdade, o filme não é sobre mim, é sobre a mensagem de amor. Eu sou apenas um mensageiro do amor. Através desse filme, espero que todos possamos nos inspirar a amar a nós mesmos, amar toda a humanidade e amar o mundo natural.

Ativista Satish Kumar defende o amor radical em novo filme

Você tem 88 anos. Como você se mantém saudável e disposto a viajar pelo mundo nessa idade?
Eu vivo no momento presente. Não me preocupo com o passado. Não podemos mudá-lo, não podemos desfazê-lo. Também não me preocupo com o futuro. O futuro está no futuro. Só podemos viver, agir e criar coisas no presente. Portanto, viver no presente me mantém jovem e saudável.

Como um defensor ferrenho da não-violência, você acredita na possibilidade de paz no conflito entre Israel e Hamas?
Acredito. Por quanto tempo eles podem continuar se matando? A violência precisa acabar. Os líderes israelenses e do Hamas precisam sentar juntos e tomar uma xícara de chá. Cada xícara de chá é uma xícara de paz! O chá é mais poderoso do que um tanque. Israel e Hamas precisam perceber que devem viver como bons vizinhos. A guerra é um inferno para ambos. A guerra é fútil. Olho por olho deixa o mundo todo cego.

Como Julio chegou até você? Como você se sentiu em relação ao convite para o filme?
Quando a ideia de fazer um filme foi apresentada a mim pela primeira vez, estava cético. Que tipo de filme seria? Eu não tinha certeza. Então, depois de conversar com Julio, uu me converti, porque podia confiar nele. Ele é muito sincero e espiritual.

O número de pessoas com doenças mentais cresceu ao longo do tempo. O que você pensa sobre isso?
A razão para o aumento das doenças mentais é a falta de atividades físicas e a falta de conexão com a natureza. Nossos corpos precisam se movimentar. Precisamos ser ativos. Precisamos estar no jardim, cultivando alimentos. Precisamos estar ao ar livre na natureza. Precisamos caminhar nos vales. A mente e o corpo estão conectados. Se os corpos não estão ativos, a consequência é a doença mental. Também precisamos aprender a cantar. Todas as escolas deveriam ensinar as crianças a cantar. Cantores têm menos doenças mentais. Toda escola deveria ter um jardim. Se não houver jardinagem, nem caminhadas na Natureza, nem exercícios, nem música, a sociedade terá mais doenças mentais.

O Brasil está sediando o G20 este ano e sediará a COP30 no próximo ano. Quais são suas expectativas para esses encontros?
O Brasil deveria liderar a cultura da diversidade. Todas as nações, com suas culturas diversas, sistemas políticos diversos, sistemas econômicos diversos e crenças religiosas diversas, deveriam aprender a viver em paz e harmonia. O Brasil deveria guiar o mundo em direção à neutralidade. Sem pactos militares. Viver e deixar viver. Fazer da guerra uma história para os livros de história. Além disso, o Brasil pode ser o líder na proteção do meio ambiente natural. Oceanos livres de plástico. Emissões mínimas de CO2. Mínimos desperdícios, mínima poluição. O G20 e a COP30 deveriam ir além de serem apenas uma conversa. O Brasil pode ajudar a colocar boas políticas em prática. Não deixe a COP30 ser uma fuga! Após cada evento da COP, as emissões de carbono aumentaram!

O Brasil esteve recentemente em evidência no mundo devido a muitos incêndios.O que fazer para isso não se repetir?
Todas as grandes mudanças acontecem quando as pessoas na base fazem mudanças. Portanto, o governo brasileiro deveria incentivar os governos locais e as comunidades a se empoderarem. As comunidades locais deveriam assumir a responsabilidade de garantir que as florestas tropicais sejam protegidas, que as comunidades indígenas sejam respeitadas e que a terra seja cuidada adequadamente, para que nenhum produto químico prejudicial seja usado. O papel do governo é empoderar as comunidades locais para que cuidem de suas próprias necessidades e sejam autossuficientes.

Fonte: Metrópoles
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