RIO DE JANEIRO (Reuters) – Os líderes do Grupo das 20 principais economias se reúnem nesta segunda-feira (18) no Brasil para sua cúpula anual, preparando-se para uma mudança na ordem global com o retorno ao poder do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Os líderes do Grupo das 20 principais economias se reúnem nesta segunda-feira (18) no Brasil para sua cúpula anual, preparando-se para uma mudança na ordem global com o retorno ao poder do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
As discussões sobre comércio, mudança climática e segurança internacional serão confrontadas com as fortes mudanças na política dos EUA que Trump promete ao assumir o cargo em janeiro, desde tarifas comerciais até a promessa de uma solução negociada para a guerra na Ucrânia.
Enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, chega enfraquecido com apenas dois meses restantes na Casa Branca, o presidente da China, Xi Jinping, será um ator central em uma cúpula do G20 repleta de tensões geopolíticas em meio às guerras em Gaza e na Ucrânia.
“Não é apenas a geopolítica que está nos preocupando, mas também o papel da China, seu papel econômico e financeiro, está muito proeminente em muitas questões”, disse uma autoridade alemã, que pediu anonimato para discutir livremente as tensões diplomáticas.
Embora a China tenha estado no campo da Rússia em relação à Ucrânia, a Alemanha acredita que Pequim achará essa posição mais difícil de sustentar, no momento em que o conflito se tornou “globalizado” com a mobilização de tropas norte-coreanas pela Rússia, trazendo-o “para a porta da China”, disse outra autoridade.
Os diplomatas que redigem uma declaração conjunta para os líderes da cúpula estão com dificuldades para chegar a um acordo sobre como lidar com a escalada da guerra na Ucrânia, até mesmo um apelo vago pela paz sem críticas a nenhum participante, disseram as fontes.
Um grande ataque aéreo da Rússia na Ucrânia no domingo abalou o pouco consenso que eles haviam estabelecido, com os diplomatas europeus pressionando para revisar a linguagem previamente acordada sobre conflitos globais.
Os Estados Unidos responderam ao ataque russo retirando os limites anteriores sobre o uso pela Ucrânia de armas fabricadas nos EUA para atacar profundamente a Rússia.
Autoridades brasileiras reconheceram que sua agenda para o G20, focada no desenvolvimento sustentável, na taxação dos super-ricos e no combate à pobreza e à fome, pode em breve perder força quando Trump começar a ditar novas prioridades globais a partir da Casa Branca.
A pressão do Brasil por uma reforma da governança global, incluindo as instituições financeiras multilaterais, também pode encontrar obstáculos com Trump, disseram autoridades brasileiras.
“Trump não tem apreço pelo multilateralismo. Não vejo muitas possibilidades de um governo Trump se envolver nessas questões ou demonstrar qualquer interesse nelas”, afirmou uma fonte do Ministério da Fazenda à Reuters, sob condição de anonimato.
Xi deve falar sobre a Iniciativa Nova Rota da Seda conforme exerce sua ascendência econômica. Até o momento, o Brasil se recusou a participar da iniciativa global de infraestrutura, mas há grandes esperanças de outras parcerias industriais quando Xi encerrar sua estada no país com uma visita de Estado a Brasília na quarta-feira.
A decisão do Brasil de não participar foi “um grande golpe para as relações”, disse Li Xing, professor do Instituto de Estratégias Internacionais de Guangdong, afiliado ao Ministério das Relações Exteriores da China. “A China ficou muito decepcionada”, declarou ele.
As negociações comerciais em torno do G20 serão estimuladas pelas preocupações de uma escalada na guerra comercial entre os EUA e a China, já que Trump planeja impor tarifas sobre as importações da China e de outras nações.
A verve de corte de impostos de Trump aumentará os ventos contrários aos esforços do Brasil para discutir a tributação dos super-ricos, uma questão cara ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a colocou na agenda do G20.
O mais novo aliado de Trump na América Latina, o libertário presidente argentino Javier Milei, já traçou uma linha vermelha sobre a questão. Os negociadores argentinos se recusaram a aprovar a menção do assunto no comunicado conjunto da cúpula, segundo diplomatas.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, Andreas Rinke, Eduardo Baptista, Jarret Renshaw e Elizabeth Pineau no Rio de Janeiro, Anthony Boadle em Brasília)
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