O Ibovespa encerrou o primeiro trimestre em queda de 4,84% após um mês de março com perda de 1,03%, com uma forte saída do investidor estrangeiro de olho na política monetária por aqui e nos EUA, noticiário sobre China e também preocupações fiscais no Brasil.
Em um processo de turnaround, o Grupo Casas Bahia (BHIA3) vê suas ações liderarem as perdas do Ibovespa em março e no ano após um 2023 já bastante negativo. Analistas seguem vendo um cenário desafiador e reiterando recomendação equivalente à venda ou neutra para os papéis, com a cautela reforçada após os resultados do quarto trimestre divulgados no fim do mês. Os números do 4T23 ainda foram considerados fracos. Como destaca o JPMorgan, os dados foram afetados por uma demanda ainda fraca, mas também pela execução do plano de reestruturação e simplificação de sua estrutura que adicionou volatilidade às vendas e à lucratividade, que se somou "a uma base já poluída do ano passado". A companhia teve prejuízo contábil de R$ 1 bilhão no 4T23, o maior da história, superando o recorde apurado no último trimestre de 2019, quando a perda foi de R$ 875 milhões.
Outra ação que inspira cautela dos analistas é a Cogna (COGN3). O processo de turnaround da companhia de educação segue dando frutos, mas a ação acaba sofrendo em sessões de alta no mercado de juros futuros (dada a sua alavancagem ainda alta) e também é afetada pelas discussões de maior regulação do ensino a distância pelo Ministério da Educação. Sobre o quarto trimestre de 2023 especificamente, a dona da Vasta, Saber e Kroton teve prejuízo líquido ajustado de R$ 373 milhões, mas a performance da Kroton, de ensino superior, no trimestre foi apresentada por alguns analistas como o fator para o menor ânimo com a companhia, em meio à desaceleração de crescimento e margem.
Apesar dos sólidos resultados apresentados pela CSN Mineração (CMIN3), inclusive no quarto trimestre, a volatilidade do minério no primeiro trimestre de 2024 e a visão de que as ações estão já em seu valor justo levam a um menor ímpeto para os ativos. No cenário para a commodity, o Citi destaca que os preços do minério de ferro estão sob pressão este ano devido a uma confluência de fatores, incluindo um início lento da temporada de construção na China, altas exportações de minério de ferro do Brasil e altos embarques para a China de fornecedores não tradicionais em meio a preços elevados do minério no final de 2023. Já sobre a companhia em si, em relatório no meio do trimestre o Bradesco BBI ressaltou ter recomendação neutra para CMIN3 por já ver a companhia precificando os fundamentos do minério.
O começo de 2024 foi particularmente negativo para a MRV (MRVE3), em meio a uma série de revisões negativas do mercado para o lucro líquido da companhia entre 2024 e 2025 por conta dos resultados financeiros. Em meados de março, no seu Investor Day, a construtora apresentou sua visão de dobrar lucro líquido em 2025 e simplificação da operação. Para analistas, os números de orientações para os próximos anos (guidance) apresentados pela companhia não foram o suficiente para animar investidores, uma vez que traziam dados próximos do estimado pelo mercado. A potencial reestruturação societária da Resia, com chances de ser anunciada em breve, porém, poderá proporcionar mais flexibilidade e desbloquear valor para a empresa.
O primeiro trimestre foi turbulento para as ações do GPA (PCAR3), dono do Pão de Açúcar, com os investidores atentos às notícias sobre a evolução da reestruturação da rede varejista de alimentos e também por conta da oferta de ações, que se deu em meados de março às custas de uma forte diluição de seus acionistas. Por outro lado, algumas casas viram a operação como positiva, com a companhia podendo virar "algumas páginas" em meio ao seu processo de turnaround. Isso por conta: i) da saída do Casino (em crise) do controle da empresa, ii) da entrada de Ronaldo Iabrudi, ex-CEO e chairman do GPA, no capital da companhia e iii) da redução da sua alavancagem.
Confira as maiores baixas do Ibovespa no trimestre:
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