O mercado financeiro ainda tentar decifrar o que será o novo governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Há pontos de vistas diversos sobre o chamado "Trump Trade" – conjunto de decisões financeiras que refletem as expectativas dos investidores frente à presidência do republicano.
Na 43ª edição do Carteiros do Condado, no canal Stock Pickers, Matheus Mazão, portfolio specialist da XP Advisory, e Guilherme Anversa, sócio e gestor da XP Advisory, comentaram sobre o assunto. A apresentação do programa foi de Davi Fontelene, analista de fundos da XP Advisory.
Matheus Mazão ressaltou que o Donald Trump que ocupará a Casa Branca em janeiro é diferente daquele que governou os Estados Unidos de 2017 a 2021, no seu primeiro mandato como presidente.
Trump mais experiente
"Trump chega ao governo muito mais preparado, já sabe quem vai indicar, já não é mais aquele marinheiro de primeira viagem", destaca o especialista. "Vai escolhendo melhor quem ficará ao lado dele no time, com uma base mais robusta, para ele de fato seguir essa sua agenda", acrescenta.
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Por conta dessa experiência adquirida no mandato anterior, Mazão vê que suas propostas de campanha podem caminhar mais do que se imagina. "Deve ter um avanço significativo do que ele está pensando de governo", avalia.
Anversa diz que há uma tentativa de decifrar o chamado “Trump Trade” a partir de três macro temas. "O primeiro deles está relacionado à imigração. O segundo tema está ligado às tarifas e o terceiro a uma moeda mais forte", diz. "Cada um desses três grandes blocos vai influenciar os mercados de maneira diferentes", crê.
Imigração
Anversa avalia que a questão da imigração foi um tema muito importante nos últimos anos para diminuir a pressão de salários nos Estados Unidos, com a entrada de 1,5 milhão de estrangeiros no país nos últimos 3 anos.
"Isso ajudou para uma inflação de salário mais moderada nos Estados Unidos", ressalta. "Na medida em que fechar a fronteira (de acordo com proposta de campanha de Trump), a interpretação é de que pode ter um ambiente onde a inflação permaneça um pouco mais persistente", afirma.
Segundo ele, o ciclo de redução de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que permitia o mercado projetar de sete a oito cortes, "talvez seja um fluxo menor". "O Fed cortando os juros curtos, os vencimentos mais longos podem passar por um processo de abertura. Esse é um grande ‘Trump Trade’", avalia.
Tarifas para produtos chineses e dólar forte
O segundo ponto está relacionado à questão de tarifas e o país mais afetado deve ser a China. "Se o Trump colocar na mesa os 60% de tarifa nos produtos chineses. a gente vai passar por um momento de aquecimento dessa guerra comercial entre Estados Unidos e China", aponta. Anversa vê potencial desvalorização da moeda chinesa.
E o terceiro ponto é o dólar forte. "Na medida que o Trump vai investir na indústria local e vai fortalecer a economia, que já está crescendo acima de seus pares desenvolvidos, a gente vai ver um descolamento dos Estados Unidos versus outros mercados, especialmente a Europa", analisa. Para o gestor, a Europa já passa por desafios de crescimento.
Para os analistas, parte do mercado já antecipou os movimentos do “Trump Trade”. Matheus Mazão aponta, por exemplo, que "a valorização do dólar está bem claro" e já vinha se manifestando há algum tempo.
SIte da InfoMoney