O Panteão da Pátria, monumento localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, reúne nomes de homens e mulheres considerados heróis e heroínas nacionais.
O Panteão da Pátria, monumento localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, reúne nomes de homens e mulheres considerados heróis e heroínas nacionais. Mas por que eles foram escolhidos para estar lá? Essa e outras perguntas serão respondidas na série Como Nascem os Heróis, estrelada por Rita von Hunty e lançada durante o 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
A drag queen é interpretada pelo professor, ator e palestrante Guilherme Terreri. Em conversa com o Metrópoles, ele pontuou que a produção, prevista para estrear em março de 2025, na TV Brasil, apresenta diversas possibilidades de análises, que começam por quem são as pessoas escolhidas para estar no livro de aço do monumento.
“Em uma segunda lente, quem lutou para que esses nomes aparecessem lá? Porque é um processo político. Em uma terceira lente, que momento era para que essa luta acontecesse? Em uma quarta lente, no tempo histórico dessas personagens, qual era a posição dela sobre a escravidão no Brasil? E em uma quinta lente, quais interesses são atendidos quando essas personagens podem ser mantidas e sustentadas como heróis e heroínas da pátria?”, explica.
3 imagensFOTO: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFotoFOTO: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFotoFOTO: BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFotoO professor também acredita que existem muitas outras pessoas que poderiam constar no livro, mas lembra que heróis só podem ter os nomes registrados depois de um certo período mortos. Mas confessa que deseja que uma pessoa sociopoliticamente importante possa fazer parte da lista. “Pessoalmente, não vejo a hora de ter como heroína da pátria a Marielle Franco”, conta.
Ele reflete também sobre a importância de ter uma drag queen falando sobre fatos históricos na televisão. De acordo com Terreri, estudos apontam que “somos feitos de histórias” e “quem conta essas histórias também importa demais”.
“Ter uma figura que é uma educadora popular, que é uma pessoa LGBT+ e que é uma drag queen, falando sobre a história do país, ajuda a gente a entender que sempre que a gente fala da população LGBT+, a gente nunca está falando de uma minoria. A gente está falando de parte da história da nossa civilização, da nossa cultura, do nosso país. E essas pessoas têm contribuições incontornáveis para que a gente pense a democracia. Todo corpo tem uma contribuição incontornável para que a gente pense em um projeto de país.”
Como Nascem os Heróis tem no comando da direção dois cineastas conhecidos no cenário brasiliense: Iberê Carvalho e Marcelo Díaz. Os dois dividiram o trabalho de acordo com as especialidade e, enquanto Marcelo ficou com a parte documental de gravar entrevistas, Iberê focou na produção de estúdio e na cara final da série.
Ao Metrópoles, o diretor de O Último Cine Drive-in revela que o trabalho foi desafiador desde o começo. “A gente ficou no dilema entre escolher aqueles que a gente admira ou aqueles que a gente quer desconstruir, mostrar para a sociedade que não é tudo isso que a gente ouviu na escola. Alguns que têm nome de cidade, nome de rua, e, muitas vezes, foram responsáveis por verdadeiros genocídios”, explicou.
Para entregar um conteúdo mais completo, a seleção dos 10 nomes da primeira temporada misturou os dois pontos de vista. Com o resultado final, eles acreditam que as pessoas terão a chance de entender quem são essas pessoas e como elas conquistaram a posição de heróis e heroínas.
“A gente, na escola, tem uma outra visão. A gente conhece uma outra história e, cada vez mais, precisa desmistificar essas pessoas, porque o futuro tem que ser diferente. É uma produção que busca revisitar a história com outro olhar, então acho que essa série representa uma esperança, um sonho de que o futuro realmente seja diferente”, reforça Marcelo.
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