A Advocacia-Geral da União (AGU) acionou a Polícia Federal (PF) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para investigar a disseminação de informações falsas envolvendo o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e sua suposta posição sobre o dólar e políticas monetárias. Segundo a AGU, as publicações em redes sociais afetaram a percepção do mercado e contribuíram para a alta do dólar, que atingiu um valor recorde na última quarta-feira (18).
De acordo com a AGU, postagens feitas na rede social X (antigo Twitter) atribuíram declarações falsas a Galípolo, como a afirmação de que "a moeda dos Brics nos salvaguardaria da extrema influência que o dólar exerce no nosso mercado" e a previsão de uma cotação do dólar a R$ 5.
Essas informações foram amplamente compartilhadas e repercutiram entre perfis especializados em análise econômica, o que, segundo a AGU, teria aumentado a volatilidade no mercado. O dólar fechou em R$ 6,2672, maior valor já registrado, com alta de 2,82% no dia.
Na tentativa de conter a disparada da moeda americana, o Banco Central realizou leilões de dólar no mercado de câmbio, mas a intervenção não teve efeito significativo. Para a AGU, a desinformação prejudicou as políticas públicas voltadas à estabilização cambial.
"A interferência direta na percepção do mercado comprometeu a eficácia das medidas para conter o câmbio", afirmou o órgão.
A AGU solicitou que a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) encaminhasse ofícios à PF e à CVM, pedindo apuração de possíveis crimes contra o mercado de capitais. Segundo o órgão, existe relação direta entre a valorização do dólar e a queda no volume negociado na Bolsa, que fechou em forte baixa, o que reforça a gravidade das postagens.
Gabriel Galípolo, que assume a presidência do Banco Central em 2025, atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária. Sua gestão começará em um momento de volatilidade cambial e incertezas sobre a economia brasileira.
No mercado, a alta do dólar é atribuída ao pessimismo em relação ao pacote de cortes de gastos enviado pelo governo ao Congresso. Apesar da aprovação inicial de algumas medidas, como a limitação de benefícios tributários em períodos de déficit, analistas permanecem céticos sobre a capacidade do pacote de conter o endividamento público.
SIte da InfoMoney