Um perfil crescente entre quem faz compra de imóveis de leilão é o morador, ou seja, que compra a propriedade com finalidade de moradia, e não de investimento para ganho com a revenda. A taxa média de desconto de imóveis, segundo especialistas, é de 40% em relação ao preço real.
Para participar, o consumidor interessado deve acessar sites de leilões, que podem ser de terceiros ou de instituições financeiras. No caso da Caixa, o banco tem um site próprio com seus leilões.
Plataformas como Zuk, Leilão Eletrônico e Sodré Santoro têm sites que comercializam propriedades que foram a leilão. Normalmente, os leilões são exclusivos e, portanto, é preciso acessar diferentes plataformas para avaliar todas as oportunidades de compra de propriedades com desconto.
Porém, a compra desse tipo de propriedade requer atenção. Cada imóvel tem seu edital, suas dívidas e condições. Por exemplo, um apartamento ainda pode estar ocupado pelo antigo proprietário e levar alguns meses até a desocupação, gerando custos de manutenção da moradia, como IPTU e condomínio. Muitas propriedades também podem exigir grandes reformas.
Para os investidores, entretanto, o cenário não é tão positivo. Com o aumento na oferta de imóveis para leilão e os juros altos, o mercado de revenda ficará mais difícil.
DUAS PONTAS
“Apesar de sermos anticíclicos, quando a economia está pujante é sempre melhor para todo o mercado. Teremos uma disponibilidade maior de imóveis para leilão, então vamos ter mais leilões e mais oportunidades. Mas, como uma plataforma, a disponibilidade de ofertas é uma ponta, e a outra ponta é a venda. Quando temos um cenário de crise, a despeito de mais oportunidades, a venda também fica mais difícil, fica mais cara”, diz Zylberstajn, da Zuk.
Por outro lado, uma tendência que vem ganhando força no mercado é leiloar imóveis que não têm problemas financeiros. Na prática, a compra sob pressão acelera a venda, apesar de precisar ser comercializada com desconto. Além disso, a taxa de 5% do preço do negócio quem paga é o comprador, enquanto a corretagem é paga pelo vendedor. “O leilão é muito rápido. Em 25 ou 30 dias, vendeu”, afirma Zalcman, da Leilão Eletrônico.
Inadimplência faz leilão de imóveis quintuplicar em dois anos
A inadimplência do consumidor fez o número de imóveis em leilões quintuplicar em dois anos. No ano de 2024, foram 47 mil imóveis colocados no leilão da Caixa Econômica Federal, responsável por 70% dos financiamentos imobiliários no País. No ano passado, o número era de 26 mil e de apenas 9 mil em 2022. Atualmente, estão disponíveis em oferta no site do banco cerca de 31 mil imóveis. Vale destacar que os preços podem ter descontos de até 40%.
Segundo especialistas, os motivos do boom de leilões estão ligados ainda aos efeitos negativos causados pela pandemia de covid-19 à economia do País. A inflação e o desemprego registrado entre os anos de 2020 e 2022 limitaram a renda da população, que deixou de pagar parcelas do financiamento imobiliário ou acumulou dívidas de condomínio e IPTU, levando o imóvel à execução judicial para mitigação de prejuízos à instituição financeira que concedeu o crédito.
A Caixa diz ter tomado medidas para evitar o aumento do número de imóveis em leilão durante a pandemia, mas que o número subiu com a normalização do mercado. “Com o objetivo de amenizar as consequências para a população da pandemia da covid-19, a Caixa ofereceu, na época, alternativas como a pausa de pagamento estendida e o pagamento parcial da parcela (de 25% a 75% da prestação), de forma a possibilitar a renegociação dos contratos e controlar a inadimplência dos clientes pessoas físicas, evitando, assim, a retomada dos imóveis”, informou a Caixa, em nota ao Estadão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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