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Estados Unidos

Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, morre aos 100 anos

O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter morreu neste domingo (29).



O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter morreu neste domingo (29). Carter foi o 39º presidente do país. A informação foi confirmada ao jornal “The Washington Post” pelo filho do político e, posteriormente, informada pelo Carter Center. Jimmy Carter tinha 100 anos de idade e morreu em casa.

Jimmy Carter cumpriu um mandato como presidente. Após deixar o cargo, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua busca pela paz e pelos direitos humanos, e teve um longo histórico de trabalho com a Habitat for Humanity.

"Meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta", disse Chip Carter, filho do ex-presidente, em um comunicado. "Meus irmãos, minha irmã e eu o compartilhamos com o mundo por meio dessas crenças comuns. O mundo é nossa família pela maneira como ele uniu as pessoas, e agradecemos por honrar sua memória continuando a viver essas crenças compartilhadas."

Um fazendeiro na Casa Branca

Jimmy Carter foi um fazendeiro que, como presidente dos Estados Unidos, enfrentou uma economia desfavorável e a crise dos reféns no Irã, mas que intermediou a paz entre Israel e o Egito e recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho humanitário.

Democrata, Carter ocupou a Casa Branca de janeiro de 1977 a janeiro de 1981. Tendo vivido mais do que qualquer outro ex-presidente na história dos Estados Unidos, ele viu sua reputação melhorar depois que deixou o cargo – uma situação que ele mesmo reconheceu.

O presidente Jimmy Carter na Casa Branca, em Washington, EUA, em 8 de março de 1977. Foto: Biblioteca do Congresso/Marion S. Trikosko/Divulgação via REUTERS/Foto de Arquivo

Ele derrotou o então presidente republicano Gerald Ford na eleição de 1976 para se tornar o 39º presidente dos Estados Unidos, mas perdeu de forma categórica para o republicano Ronald Reagan em 1980.

Carter deixou o cargo profundamente impopular, mas trabalhou vigorosamente por décadas em causas humanitárias depois disso. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2002 em reconhecimento ao seu “esforço incansável para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, impulsionar a democracia e os direitos humanos e promover o desenvolvimento econômico e social”.

O presidente dos EUA, Barack Obama, o ex-presidente Jimmy Carter, a primeira-dama Michelle Obama e o ex-presidente Bill Clinton acenam das escadas do Memorial Lincoln ao final de uma cerimônia que marca o 50º aniversário do discurso "Eu tenho um sonho" de Martin Luther King Jr. em Washington, EUA, 28 de agosto de 2013. Foto: REUTERS/Jason Reed/Foto de Arquivo

Nos últimos anos, Carter teve vários problemas de saúde, incluindo melanoma que se espalhou para seu fígado e cérebro. Carter decidiu receber cuidados paliativos em fevereiro de 2023 em vez de passar por intervenção médica adicional. Sua esposa, Rosalynn Carter, morreu em 19 de novembro de 2023, aos 96 anos. Carter pareceu frágil quando compareceu ao funeral dela em uma cadeira de rodas.


Carter, um ex-governador da Geórgia, chegou à Casa Branca como um azarão em Washington prometendo honestidade após o escândalo de corrupção política de Watergate que forçou o republicano Richard Nixon a renunciar em 1974, elevando seu vice-presidente, Gerald Ford, à Presidência.

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter em frente à controversa barreira israelense durante uma visita à vila de Bilin, na Cisjordânia, perto de Ramallah, em 27 de agosto de 2009. Foto: REUTERS/Ammar Awad/Foto de Arquivo


Em janeiro de 2022, Carter expressou preocupação de que a “polarização tóxica” ameaçasse a democracia norte-americana após a tumultuada Presidência de Donald Trump, falsas alegações de que a eleição presidencial de 2020 foi “roubada” e o ataque ao Capitólio dos EUA pelos apoiadores do republicano em janeiro de 2021. Carter morreu pouco antes de Trump retornar à Presidência dos EUA no mês que vêm.


“Nossa grande nação agora oscila à beira de um abismo. Sem ação imediata, corremos o risco genuíno de um conflito civil e de perder nossa preciosa democracia. Os americanos precisam deixar de lado as diferenças e trabalhar juntos antes que seja tarde demais”, escreveu Carter em uma coluna de opinião no New York Times naquele ano.

Acordos de Camp David

Carter intermediou os Acordos de Camp David de 1978 que introduziram a paz entre os inimigos Israel e Egito, reunindo o então primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, e o então presidente egípcio, Anwar Sadat, por quase duas semanas de diplomacia pessoal.


A crise dos reféns no Irã marcou sua Presidência. Os revolucionários iranianos capturaram diplomatas norte-americanos na embaixada dos EUA em Teerã em 1979 e mantiveram 52 reféns por 444 dias antes de finalmente libertá-los no dia em que Carter deixou o cargo. Carter saiu parecendo fraco depois que uma missão de resgate militar que ele ordenou em 1980 terminou em fracasso, com oito soldados norte-americanos mortos em um acidente de aeronave.

O então presidente dos EUA, Jimmy Carter, o presidente egípcio Anwar Sadat e o primeiro-ministro israelense Menachem Begin durante a assinatura dos Acordos de Camp David na Sala Leste da Casa Branca em Washington, D.C., EUA, em 17 de setembro de 1978. Foto: Cortesia da Biblioteca Jimmy Carter/Arquivos Nacionais/Divulgação via REUTERS/Foto de Arquivo


Carter também projetou uma imagem de fraqueza quando determinou um boicote dos Estados Unidos às Olimpíadas de 1980 em Moscou para protestar contra a invasão do Afeganistão pela União Soviética em 1979. Carter ainda lutou de maneira ineficaz com uma economia marcada por recessão, inflação de dois dígitos e alta nos preços do petróleo. Após a Presidência, Carter voltou para sua fazenda de amendoim em Plains, na Geórgia, e conseguiu refazer sua imagem. Ele criou o Carter Center para liderar seus esforços humanitários.

‘Tive uma vida maravilhosa’


James Earl Carter Jr. nasceu em 1º de outubro de 1924, em Plains, na Geórgia. Ele se formou na Academia Naval dos EUA em 1946, serviu no programa submarino nuclear e saiu para administrar o negócio familiar de cultivo de amendoim. Ele e a esposa Rosalynn tiveram três filhos e uma filha.


Carter se tornou um milionário, parlamentar do Estado da Geórgia e governador da Geórgia de 1971 a 1975. “Tive uma vida maravilhosa”, disse Carter a repórteres em Atlanta em 2015. “Tive milhares de amigos. E tive uma existência emocionante, aventureira e gratificante.”

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter em Atlanta, Geórgia, EUA, em 8 de abril de 2011. Foto: REUTERS/Tami Chappell/Foto de Arquivo


Carter escreveu mais de duas dezenas de livros, desde um livro de memórias presidenciais a um livro infantil e poesia, além de obras sobre fé religiosa e diplomacia. Seu livro “Faith: A Journey for All” foi publicado em 2018.

Um arrependimento

"Ao longo dos anos, em várias salas de aula e fóruns públicos, muitas vezes me perguntaram se houve uma ação ou decisão substancial que tomei como presidente que eu teria mudado", escreveu Carter em seu Diário da Casa Branca.

"De forma um tanto jocosa, respondi: 'Eu teria enviado mais um helicóptero para garantir o sucesso do esforço de resgate dos reféns em abril de 1980.' Mas acredito verdadeiramente que, se eu tivesse feito isso, teria sido reeleito."

Os Carters retornaram a Plains após deixar a Casa Branca, e Carter ensinou escrituras na Igreja Batista Maranatha até 2020.

Em sua rica vida pós-presidencial, Carter ajudou a organizar negociações de paz entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul e um cessar-fogo na Bósnia.

Através do Carter Center, ajudou a monitorar eleições ao redor do mundo para garantir que fossem justas. Viajou ao Haiti em 1994 para negociar a restauração do governo constitucional, evitando uma ameaça de invasão liderada pelos EUA.

Ao aceitar seu Prêmio Nobel da Paz em 2002, enquanto os EUA, sob o presidente George W. Bush, se preparavam para invadir o Iraque, Carter deixou clara sua desaprovação. "Para países poderosos adotarem um princípio de guerra preventiva pode muito bem estabelecer um exemplo que pode ter consequências catastróficas", disse ele.

Carter participou da posse do republicano Donald Trump em 2017, a sexta e última cerimônia de posse presidencial que ele testemunhou após deixar o cargo. Dias antes, ele havia dito aos fiéis em sua igreja natal que, entre 22 eleitores em sua família, nenhum havia votado em Trump. No entanto, Carter foi o primeiro ex-presidente a aceitar um convite para a posse de Trump no primeiro mandato.

SIte da InfoMoney

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