Os incêndios em Los Angeles já deixaram ao menos 11 mortos e afetaram cerca de 10 mil estruturas em bairros como Palisades e Eaton, com perdas estimadas entre US$ 135 bilhões e US$ 150 bilhões. Cerca de 7.500 bombeiros atuam desde terça-feira (7) para controlar os incêndios que avançam pelo condado, no sul da Califórnia.
O governo diz que as mudanças climáticas, como ventos intensos e a seca extrema, e o crescimento urbano nas proximidades de áreas florestais contribuem para a frequência e gravidade dessas tragédias. O desastre levou à evacuação de mais de 180 mil pessoas, segundo informações do jornal Los Angeles Times.
Aeronaves e tecnologia avançada estão sendo empregadas para conter as chamas. Helicópteros equipados com baldes de água e aviões-tanque com o sistema Maffs (Sistema Modular de Combate a Incêndios Aéreos) estão sendo usados nas áreas mais críticas, conforme relatado pela Military.com. O Maffs é uma unidade autônoma instalada no compartimento de carga de aeronaves militares ou comerciais, equipada com um tubo que projeta água e retardantes de chamas.
Dois novos aviões C-130 da Guarda Nacional de Nevada foram mobilizados para reforçar os esforços. No entanto, o uso da aeronave Super Scooper, fundamental no combate ao fogo, foi interrompido após uma colisão com um drone. Já o avião-tanque emprestado pelo Canadá, capaz de despejar grandes volumes de água nas áreas mais afetadas, precisará passar por reparos antes de retomar as operações, informou o Corpo de Bombeiros do Condado de Los Angeles.
Convite a Trump
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, convidou o presidente eleito Donald Trump para visitar o condado de Los Angeles e testemunhar a devastação causada por um dos maiores incêndios florestais da história do estado.
A carta aberta, publicada na plataforma X, surge após Trump acusar Newsom de falhar no fornecimento de água, atribuindo sem provas o problema à proteção de uma espécie de peixe em extinção, o delta smelt. O republicano alegou que o governador priorizou questões ambientais em detrimento da segurança pública, enquanto Newsom defendeu que não se deve politizar tragédias e ressaltou a importância de focar na recuperação das comunidades afetadas.
A crise de abastecimento de água agravou o combate às chamas, especialmente em áreas elevadas de Los Angeles, onde hidrantes secaram devido à alta demanda e falhas na pressão d'água. Autoridades locais explicaram que o sistema de bombeamento e armazenamento de água não foi projetado para incêndios de grande escala como os atuais, que devastam bairros inteiros. Em resposta, Newsom anunciou uma investigação independente para identificar as causas da seca e garantir melhorias no sistema de abastecimento, buscando evitar episódios semelhantes no futuro.
Ventos a 120 km/h
Os ventos de Santa Ana são correntes de ar que descem das montanhas em direção à costa sul da Califórnia. Eles surgem quando um sistema de alta pressão se forma sobre os desertos da Grande Bacia e circula no sentido horário, empurrando o ar para as áreas de baixa pressão próximas à costa. Durante o trajeto, esses ventos se tornam mais quentes e secos, aumentando o risco de incêndios.
Ao descer as montanhas, as correntes de ar ganham velocidade ao passar por passagens estreitas e cânions, que funcionam como túneis, potencializando sua intensidade. Atualmente, no local do incêndio, os ventos já chegam a 120 km/h. Essa aceleração reduz ainda mais a umidade do ar, eleva as temperaturas e cria condições ideais para que o fogo se espalhe rapidamente.
Além disso, os ventos quentes e secos desidratam a vegetação, transformando-a em combustível altamente inflamável. Quando as chamas atingem essas áreas, produzem brasas que são carregadas pelas rajadas, criando novos focos de incêndio. Esse efeito é agravado pelas condições climáticas registradas entre o outono de 2023 e a primavera de 2024, que favoreceram o crescimento de grandes áreas de vegetação. Agora, no verão, essas áreas estão completamente secas, alimentando ainda mais os incêndios que devastam a região.
SIte da InfoMoney