A mensagem do Comitê de Política Monetária (Copom) foi "telegrafada" e o novo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, chegou com a decisão "já meio tomada".
A mensagem do Comitê de Política Monetária (Copom) foi "telegrafada" e o novo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, chegou com a decisão "já meio tomada". Na avaliação de Caio Megale, economista-chefe da XP, a sinalização prévia de que a Selic subiria mais 1 ponto percentual na primeira reunião foi acertada, após um mês de dezembro tumultuada.
O economista disse que o mercado chegou a temer a possibilidade do Banco Central estender a perspectiva de subir mais 1 ponto percentual – prevista para março – também na reunião de maio.
"Ainda tem muita água para passar por debaixo da ponte até maio. [O Copom] deixa as portas abertas, as expectativas de inflação seguem pressionadas, mas ele também começa a ver sinais de desaceleração da economia", disse Megale, durante live da XP sobre a decisão do Banco Central, que também foi transmitida pelo InfoMoney.
"O BC não toca no assunto explicitamente, mas quando ele faz o balanço de riscos entre o que pode fazer com a que inflação seja mais alta ou mais baixa do que o esperado, ele coloca uma possível desaceleração da economia que diminua a pressão dos preços lá na frente", afirma o economista.
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Isso, segundo ele, corrobora com a perspectiva de que o Copom deve reduzir o ritmo de altas a partir de maio, que é a atual aposta da XP. Megale lembra, contudo, que a inflação segue bastante acima do centro da meta, ainda que dentro do intervalo de tolerância.
"Tem um esforço de política monetária ainda a ser feito", disse o economista. "O câmbio deu uma acomodada, mas o cenário ainda está muito sensível ao que pode acontecer nos Estados Unidos, China e à nossa política fiscal quando o Congresso voltar".
"Se chegar em maio e economia de fato tiver desacelerado, com o cambio se mantendo em patamares atuais, tirando pressão sobre inflação, o BC reduz o passo", afirmou Megale.
Por enquanto a XP mantém a projeção de Selic terminal em 15,5%, patamar em que deve se manter até o final do ano.
"Abrimos o ano com uma demanda fortíssima de clientes querendo passar toda a carteira para pós-fixado", conta Ana Carolina Salles Leite Viseu, sócia e gestora de portfólio da Sonata, que também participou da live.
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"É interessante, no curto prazo, estar posicionado no CDI, só que para o longo prazo as oportunidades estão vindo agora", complementa, se referindo a remuneração de títulos que já pagam IPCA mais 8%.
"Numa eventual mudança de governo ou um aumento de rigor fiscal, a gente vai ver de novo o fechamento de spreads". Segundo ela, dentro da tendência de dolarização de investimentos, a gestora também gosta de bonds nos Estados Unidos para proteger o capital em termos reais.
"No ano passado a gente viu que nem o CDI os nossos investimentos. O dólar subiu 27%, enquanto o CDI subiu 10%, 11%. Quem tava só no CDI ficou mais pobre", lembra.
No mercado acionário, Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, diz que a alta de juros já está precificada na curva do mercado – logo, nas ações brasileiras também. "Em qualquer corte que a gente faz na Bolsa, a gente vê que as empresas estão pouco endividadas, pagando poucos dividendos e com preços bastante atrativos."
Ana Carolina, da Sonata, diz que já ficou provado que só o fato da Bolsa estar barata não é gatilho suficiente para alta. "Precisa de um trigger de curto prazo e acredito que, no caso, seria o fluxo. [â¦] Os juros de dez anos nos Estados Unidos precisa manter estabilidade ou indicar queda e o dólar teria que ficar menos forte para atrair fluxo para emergentes", afirma.
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